Dieta com proteína vegetal diminui risco de morte prematura de mulheres

Estudo também indica menores chances de doenças cardiovasculares e morte por demência

Redação Publicado em 25/02/2021, às 16h37

Entre as proteínas vegetais estão o feijão, lentilha, grão de bico e oleaginosas - iStock

Um estudo feito pela Associação Americana do Coração, e publicado no jornal American Heart Association, revelou que mulheres pós-menopausa que comem altos níveis de proteína vegetal apresentam menores riscos de morte prematura, doenças cardiovasculares e morte relacionada à demência. 

Processo de pesquisa

Foram analisados dados de mais de 100.000 mulheres, de 50 a 79 anos, que participaram do estudo da Iniciativa Nacional de Saúde da Mulher entre 1993 e 1998. Elas foram acompanhadas até fevereiro de 2017. 

No ato da inscrição da pesquisa, as participantes precisaram preencher questionários detalhados sobre a sua dieta alimentar, relatando com qual frequência comiam ovos, laticínios, aves, carne vermelha, peixe e proteínas vegetais, como tofu e feijão. Ao longo de todo o período estudado, ocorreram 25.976 mortes, sendo 6.993 por doenças cardiovasculares, 7.516 por câncer e 2.734 mortes por demência. 

Para fazer a análise dos resultados, os pesquisadores observaram os níveis e os tipos de proteínas consumidos pelas mulheres participantes, dividindo-as em grupos para comparar quem comeu menos e quem comeu mais de cada proteína. 

Descobertas 

Em comparação com as mulheres na pós-menopausa que ingeriam menor quantidade de proteína vegetal, aquelas que tinham uma dieta com mais nutrientes desse tipo apresentaram um risco 9% menor de morte por todas as causas, 12% menos chances de morrer por doenças cardiovasculares e 21% menor risco de morte relacionada à demência

Já as mulheres que consumiam mais carne vermelha processada apresentaram um risco 20% maior de morrer por demência e 12% maior de morrer por doenças cardiovasculares. 

Em relação ao consumo de ovos, os dados indicaram um risco 24% maior de morrer por doenças cardiovasculares e um 10% maior por câncer. Entretanto, quem comia ovos também apresentou 14% menos chances de morrer por demência. 

Segundo os pesquisadores, ainda não é clara a razão pela qual os ovos aparecem associados a um risco maior de morte cardiovascular e de câncer. Uma explicação possível seria as mais diversas formas de consumo. Nos Estados Unidos, por exemplo, é muito comum as pessoas ingerirem os ovos junto com outros alimentos, como o bacon. 

A equipe observou, ainda, que subtituir totalmente a carne vermelha, ovos e produtos lácteos por oleaginosas trouxe um risco de morte de 12 a 47% menor para todas as causas. Segundo os pesquisadores, é importante lembrar que essas proteínas não são consumidas isoladamente, o que torna a interpretação dos dados um tanto quanto desafiadora, além de que é preciso considerar os diferentes métodos de preparo.

A análise também revelou que mulheres que comem a maior quantidade de proteína animal, como carne e laticínios, são, na maioria, brancas, têm maior escolaridade e renda, já foram fumantes, bebem mais e são menos ativas fisicamente. Além disso, no início do estudo elas  apresentaram maior tendência a desenvolver diabetes tipo 2, histórico familiar de ataques cardíacos e maior índice de massa corporal (todos fatores de risco para doenças cardiovasculares). 

Estudar os efeitos de determinados alimentos à saúde não é fácil, já que ninguém come apenas um tipo de comida, e há sempre fatores genéticos e de estilo de vida envolvidos. Mesmo assim, os pesquisadores acreditam que é preciso considerar as fontes de proteína vegetal nas futuras diretrizes alimentares. As orientações atuais estão concentradas, principalmente, na quantidade total de proteína, e os dados coletados nessa pesquisa mostram que o tipos de alimento proteico também importa. 

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