Redação Publicado em 01/04/2021, às 18h00
Já se sabe que crianças e adolescentes com excesso de peso que recebem quimioterapia, como tratamento para a leucemia, são menos bem sucedidos na luta contra a doença, em comparação aqueles com peso adequado.
No entanto, pesquisas realizadas no Hospital Infantil de Los Angeles indicam que pequenas mudanças na dieta e na prática de atividades físicas podem aumentar significativamente a sobrevida de jovens com leucemia linfoblástica aguda (LLA), o câncer infantil mais comum.
De acordo com os pesquisadores, esse é o primeiro estudo a mostrar que, limitando as calorias e aumentando os exercícios, é possível tornar a quimioterapia mais eficaz na eliminação das células cancerígenas no primeiro mês de tratamento e, consequentemente, diminuir as chances de recidiva da doença em crianças e adolescentes.
O estudo foi publicado na revista Blood Advances, da Sociedade Americana de Hematlogia
Jovens com obesidade, ao começar a quimioterapia contra a leucemia, apresentam o dobro de chances de ter células cancerígenas remanescentes após um mês de tratamento – e uma probabilidade maior de recidiva da doença – em comparação aos pacientes mais magros.
Para realizar o estudo, os pesquisadores contaram com a ajuda de nutricionistas e fisioterapeutas, que criaram planos personalizados, tanto de dietas como de exercícios físicos, para 40 pacientes de idades entre 10 e 21 anos, com leucemia recém-diagnosticada.
A equipe descobriu que aqueles pacientes que reduziram a ingestão calórica em pelo menos 10%, e iniciaram uma rotina de atividade física depois do diagnóstico, tiveram, em média, 70% menos chances de ter células de leucemia remanescentes em sua medula óssea um mês após o início da quimioterapia.
Para os pesquisadores, os resultados mostram que é possível aumentar a eficácia da quimioterapia sem a necessidade de adicionar outros medicamentos e seus potenciais efeitos colaterais. Além disso, essa é uma intervenção de baixo custo e curto prazo.
O artigo também revelou que, ao limitar a gordura, os pacientes apresentaram uma diminuição da resistência à insulina, bem como aumento dos níveis de adiponectina – hormônio metabólico associado à regulação da glicose.
Segundo os autores, a grande novidade da pesquisa está em como mudar a dieta e praticar exercícios físicos fez com que a quimioterapia funcionasse melhor. Além disso, a identificação desses potenciais biomarcadores abre caminhos para o uso dessa iniciativa no tratamento de outros tipos de câncer.
O estudo foi realizado com base em pesquisas básicas e pré-clínicas feitas por mais de uma década no Hospital Infantil de Los Angeles e fornece novas alternativas para o tratamento de doenças avassaladoras, como é o caso do câncer.