Redação Publicado em 15/01/2024, às 18h00
A doença de Crohn é um tipo de doença inflamatória intestinal (DII), que, como o próprio nome sugere, decorre de processos inflamatórios no intestino e, eventualmente, outras regiões do trato gastrointestinal. Essas doenças afetam mais de 5 milhões de pessoas no mundo e, no Brasil, a prevalência é de 12 a 55 casos para cada 100 mil habitantes, segundo dados da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
Famosos como o jornalista Evaristo Costa, o ator Tyler James Williams, que deu vida ao personagem Chris na série “Todo mundo odeia o Chris”, a cantora Anastacia já revelaram ter Crohn.
As DII são causadas por resposta inflamatória imunológica inadequada à microbiota alterada em indivíduos geneticamente suscetíveis. Isso significa dizer que vários fatores podem contribuir para o surgimento dessas doenças, que podem ser compreendidos da seguinte forma:
A retocolite ulcerativa é outra DII bastante comum, mas que acomete apenas a mucosa (camada que reveste a parte interna do trato gastrointestinal). Ela surge no reto, ascendendo pelo intestino grosso com lesão contínua.
A classificação da gravidade da retocolite leva em consideração o número de evacuações por dia, a presença de sangramento nas fezes, febre, alterações na pulsação, presença de anemia e alterações no exame de velocidade de hemossedimentação, feito em laboratório. Conforme essa classificação, um tratamento mais adequado pode ser proposto pelo médico.
Já na doença de Crohn o processo inflamatório atinge tanto as camadas mais superficiais (mucosa e submucosa) quanto as camadas mais profundas (muscular e serosa) que formam os órgãos do trato gastrointestinal. Ao afetar camadas mais internas, podem surgir fístulas (espécie de buraco indevido que comunica partes que antes ficavam separadas) no intestino. Além disso, as lesões na doença de Crohn surgem de forma salteada, com áreas de lesão e áreas saudáveis, podendo aparecer ao longo de todo trato gastrointestinal, da boca ao ânus.
Os sinais e sintomas das DII dependem de diversos fatores relacionados à doença, como localização e extensão das lesões, duração, grau de atividade inflamatória e surgimento de complicações. Os principais sintomas geralmente são:
Em casos mais avançados, também pode ocorrer períodos de constipação intestinal, com ausência de evacuação e eliminação de gases, distensão abdominal e vômitos. Além disso, mulheres que apresentam fístulas podem eliminar fezes pela vagina. Nesses casos, é frequente a recorrência de infecções do trato urinário.
Até 30% das pessoas com DII podem apresentar manifestações extraintestinais, como dor nas articulações, lesões de pele, úlceras orais e alterações oftalmológicas. Em pessoas com retocolite ulcerativa, as manifestações reumatológicas, como artralgia (dores nas articulações), podem chegar a 60% e podem indicar atividade da doença.
O diagnóstico das doenças Inflamatórias Intestinais depende de uma criteriosa avaliação médica, levando em conta a história clínica (anamnese) e exame físico. A partir disso, ele pode solicitar alguns exames que ajudam a confirmar o diagnóstico, como colonoscopia e exame anatomopatológico.
Exames laboratoriais podem também evidenciar anemia, deficiência de vitaminas e minerais, como ferro e ácido fólico e, sobretudo, dosar a calprotectina fecal. Ela é uma proteína dosada nas fezes que tem alta sensibilidade para doenças inflamatórias do trato gastrointestinal. Apesar de não ser específica para as DII, ela é útil para rastreio dessas doenças e diferenciá-las de outras condições clínicas.
Por se tratar de uma doença crônica, o tratamento tem por objetivo cicatrizar a mucosa para que não haja complicações, como fístulas e estenose, além de reduzir os sintomas. Para isso, podem ser indicados medicamentos conforme a complexidade do quadro clínico. Em geral, são utilizados medicamentos do tipo imunossupressores.
Os anti-inflamatórios tópicos e os corticoesteroides podem ser usados para reduzir o processo inflamatório em pessoas em crise (geralmente com muita diarreia e dor abdominal), mas eles não cicatrizam a mucosa. Além da terapia medicamentosa, em casos onde há fibrose de partes do trato gastrointestinal ou fístulas, pode ser necessária cirurgia.
As pessoas que fazem tratamento para DII são consideradas imunossuprimidas e, por isso, apresentam mais risco de desenvolverem infecções. Para evitar isso, é importante dar atenção à saúde como um todo e especialmente às vacinas, já que este grupo tem prioridade em alguns casos.