Redação Publicado em 20/01/2022, às 13h00
Se você tem doença renal crônica, uma das coisas mais importantes a fazer é consultar um nutricionista especializado em função renal. Certos alimentos, mesmo alguns bons para você, como frutas e vegetais, podem ter que ser restritos ou até mesmo proibidos quando se tem doença renal. "No começo, uma dieta amiga dos rins pode parecer esmagadora para meus pacientes com doença renal crônica, mas com o tempo, torna-se algo muito mais gerenciável", diz Melissa Ann Prest, nutricionista renal em Chicago e porta-voz da Academia de Nutrição e Dietética.
Restrições alimentares dependem do estágio da doença renal em que a pessoa está, diz Melissa. Ela explica que nos estágios iniciais, trata-se de seguir uma dieta geral saudável com baixo teor de sódio, especialmente se você tiver outras condições, como diabetes tipo 2 ou pressão alta. Porém, à medida que a doença progride, você descobrirá que também precisa começar a restringir as proteínas, bem como os alimentos ricos em minerais potássio e fósforo.
Aqui estão oito alimentos que são bons para incluir como parte de sua dieta regular, independentemente do estágio da doença renal crônica.
Todos os pacientes com doença renal crônica precisam observar a ingestão de sal. Quando os rins estão danificados não podem controlar a quantidade de sódio em seu corpo, o que pode aumentar a pressão arterial. Isso, por sua vez, piora os danos nos rins e também aumenta o risco de doença cardíaca. Se você tem doença renal, é muito importante seguir a recomendação de grupos como a Associação Americana do Coração e a NKF (National Kidney Foundation – Fundação Nacional do Rim), que é consumir menos de 2.300 miligramas por dia.
Pessoas em estágios avançados da doença renal podem precisar reduzir ainda mais a quantidade. Uma ótima maneira de reduzir o sódio da dieta é variar nos temperos em vez do saleiro. Especiarias como manjericão, curry, endro, gengibre e alecrim podem adicionar sabor a qualquer prato, seja carne ou vegetais. A NKF sugere que você os compre em pequenas quantidades, pois eles perdem o sabor com o tempo. Adicione temperos moídos aos alimentos cerca de 15 minutos antes de terminar de cozinhá-los. Os inteiros podem ser adicionados pelo menos uma hora antes.
Se você estiver usando ervas frescas, combine-as com óleo ou manteiga, deixe-as descansar por 30 minutos e, em seguida, pincele-as na carne ou nos vegetais enquanto cozinham. Embora você possa ficar tentado a usar um substituto do sal, isso não é recomendado. Eles geralmente contêm potássio, que muitos pacientes, principalmente aqueles com doença em estágio avançado, precisam limitar.
Não há dúvida de que todos os tipos de frutas vermelhas são potências nutricionais: são ricas em antioxidantes saudáveis para o coração, incluindo vitamina C, afirma a Academia de Nutrição e Dietética. Mas também têm outro benefício: são pobres em potássio. “Quando as pessoas têm doença renal em estágio avançado, certos alimentos, mesmo os nutritivos, como frutas e vegetais, podem aumentar o potássio no sangue a um nível perigoso”, diz a nutricionista. Isso pode causar sintomas como fraqueza, dormência e formigamento, ou até mesmo desencadear palpitações cardíacas ou um ataque cardíaco.
As frutas vermelhas têm um benefício adicional: ajudam a reduzir a pressão arterial, que é outro fator de risco para doenças renais. Um estudo de 2011 publicado no American Journal of Clinical Nutritiondescobriu que pessoas que consomem bastante antocianina – antioxidante presente em altas quantidades em mirtilos e morangos – tiveram uma redução de 8% no risco de pressão alta, em comparação com quem ingere menos. Outras frutas com baixo teor de potássio são maçãs, cerejas, pêssegos, ameixas, peras e uvas.
Entre as frutas mais ricas em potássio, pode-se destacar: bananas, abacates, melões, laranjas, ameixas e passas. Mas sempre consulte seu nutricionista antes de cortar esses alimentos da dieta, ressalta a profissional: “Se seus níveis de potássio são normais, não há razão para que você não possa comer com segurança essas frutas, que são boas para você”.
Segundo ela, a maior preocupação é que os pacientes evitem alimentos processados que tenham fósforo adicionado para torná-los estáveis nas prateleiras, como misturas para bolos, hambúrgueres de frango e macarrão com queijo. Então, o que você deve procurar quando estiver fazendo compras? A NKF sugere verificar os rótulos de aditivos que incluem "fos" - por exemplo, fosfato dicálcico, fosfato dissódico, fosfato monossódico ou ácido fosfórico.
Pessoas com doença renal precisam limitar a quantidade de proteína que ingerem, pois o excesso pode fazer com que os resíduos se acumulem no sangue, e os rins podem não conseguir remover todos os resíduos extras. Mas você ainda precisa de proteína suficiente para manter a massa muscular e ajudar o corpo a combater infecções.
Quando se fala de proteína, não se trata apenas de quanto você come – trata-se de comer proteínas de maior qualidade. As animais, como carne, aves, peixes e ovos, são as proteínas mais fáceis para o seu corpo decompor e usar, em comparação com as vegetais. Mas os ovos são uma fonte particularmente boa de proteína porque também têm baixo teor de fósforo, que é outro mineral que você precisa limitar quando tem doença renal crônica.
Quando os rins não estão funcionando bem, o fósforo se acumula no sangue, o que pode liberar cálcio dos ossos e aumentar o risco de desenvolver osteoporose. Enquanto alimentos como nozes, sementes, manteiga de amendoim e feijão são boas fontes de proteína e parte de uma dieta saudável para o coração, eles também são ricos em fósforo. Converse com seu nutricionista sobre quanto desses alimentos você pode comer com segurança.
Uma dieta amiga dos rins deve ser pobre em gordura saturada, o que aumenta o risco de doença cardíaca. Isso torna as gorduras saudáveis, como o azeite, a melhor escolha para cozinhar e assar, e você também pode usá-lo no lugar de molhos de salada com alto teor de gordura.
Uma dieta de estilo mediterrâneo – um padrão alimentar rico em frutas, vegetais, peixes e gorduras saudáveis para o coração, como o azeite – está associada a um risco reduzido em 50% de desenvolver doença renal crônica, além de uma probabilidade 42% mais baixa de sofrer um declínio rápido da função renal, de acordo com um estudo de 2014 publicado no Clinical Journal of the American Society of Nephrology. A dieta também contém menores níveis de sódio, potássio e fosfato, tornando-se uma excelente opção para pessoas com doença renal.
Você quer comer batatas, mas elas são ricas em potássio. Em vez disso, experimente um purê de couve-flor. É rico em fibras, mas pobre em potássio e fósforo. Algumas outras maneiras saborosas de aproveitar esse vegetal: como molho ou creme; na massa da pizza; em substituição ao arroz, ou em conserva, para um lanche de baixo teor calórico, salgado e crocante. Outros vegetais crucíferos, como repolho ou couve, também são boas opções. Brócolis também é um alimento muito saudável, mas a recomendação da NFK é consumir esse vegetal cru, pois a versão cozida contém mais potássio.
Você também pode separar vegetais com alto teor de potássio, como batatas, batatas-doces, cenouras, beterrabas e abóboras, para extrair um pouco do mineral, explica a NKF. Corte-os com 0,30 cm de espessura, lave-os e, em seguida, mergulhe-os por pelo menos duas horas em água morna usando uma proporção de água para vegetais de 10 para 1. Em seguida, cozinhe-os com cinco vezes a quantidade de água para a quantidade de vegetais.
Você pode ter ouvido falar que precisa restringir a ingestão de líquidos se tiver doença renal, mas isso só é verdade nos estágios mais avançados da doença, quando a diálise é necessária. “Se você não está nesse ponto e não tem inchaço nas pernas, pés ou tornozelos ou ao redor dos olhos, geralmente não é necessário”, diz Melissa.
A própria água ajuda os rins a remover os resíduos do sangue e a manter os vasos sanguíneos abertos para que o sangue chegue aos rins. Se você está sedento, é mais difícil para esse sistema de entrega funcionar e pode até levar a mais danos nos rins. Também reduz a chance de desenvolver cálculos renais ou infecções do trato urinário, que podem prejudicar os rins. Café e chá também são bons e podem até ser protetores: um estudo de 2018 publicado na Nephrology Diálise Transplantation descobriu que quanto mais cafeína as pessoas com doença renal crônica consomem, menores são as chances de morrer por qualquer causa. Tente beber café puro, ou com o mínimo de leite ou creme possível, já que os laticínios são ricos em fósforo.
Se você estiver nos estágios avançados da doença renal, seu médico pode lhe dizer para limitar todos os líquidos, incluindo os que vêm com a comida. O primeiro passo é reduzir os alimentos que contêm muita água, como sopa e gelatina, bem como certas frutas e vegetais, diz a nutricionista.
Surpreendentemente, você não precisa evitar pães brancos, massas, arroz e outros grãos refinados. Na verdade, esses alimentos podem ser benéficos para pessoas com doença renal crônica muito avançada que precisam limitar seu teor de fósforo e/ou potássio, segundo a National Kidney Foundation. Isso porque esses minerais podem se acumular no sangue de pessoas cujos rins não funcionam mais adequadamente, causando estragos em seus ossos e coração, diz o Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais (NIDDK) dos Estados Unidos.
Acontece que quanto mais farelo e grãos integrais no pão, maior o teor de fósforo e potássio. Os produtos de grãos integrais são mais ricos nesses minerais, então eles precisam ser limitados se você tiver doença renal. Apenas não exagere nos itens ricos em amido, pois podem fazer com que você ganhe peso e aumente o risco de desenvolver diabetes tipo 2, a principal causa de doença renal, segundo o NIDDK.
Alho e cebola, incluindo chalotas, cebolinha e alho-poró, fazem parte da mesma família. E são ótimas opções para temperar alimentos se você tem doença renal crônica, pois proporcionam um sabor robusto e saboroso que impede que você pegue o saleiro ou temperos com fósforo adicionado, diz a nutricionista.
Eles também podem ser protetores contra a doença renal crônica, pois contêm alicina, uma substância que parece diminuir a pressão arterial, beneficiando a função dos rins. Um estudo de 2017 publicado no International Journal of Molecular Science descobriu que altas doses de alicina eram tão eficazes quanto um medicamento comumente prescrito para pressão alta e doença renal. Já um estudo de 2016 em outra revista concluiu que a alicina pode ajudar a reduzir a pressão alta em pessoas com doença renal crônica.
Fonte: Health
Veja também