Dor nas costas: como as abordagens psicológicas podem ajudar?

Estudo sugere que a combinação entre fisioterapia e terapia psicológica pode deixar o tratamento mais eficaz

Redação Publicado em 20/06/2022, às 16h00

Os autores definem dor lombar como um desconforto entre o fundo da caixa torácica e o vinco das nádegas - iStock

Se você já sofreu com dor na lombar sabe o quanto ela pode ser debilitante, mesmo se o desconforto é de curto prazo. Pode ser difícil fazer compras, realizar alguma tarefa doméstica, praticar esportes ou até amarrar o tênis. 

Quando a dor nas costas é crônica, ou seja, com duração de 12 semanas ou mais, ela pode prejudicar a qualidade de vida e a função física, bem como contribuir para a piora do estresse, da ansiedade e da depressão. 

Normalmente, indivíduos que sofrem com esse tipo de dor são encaminhados à fisioterapia. Entretanto, uma revisão de múltiplos estudos sugere que a combinação com abordagens psicológicas pode ser ainda mais eficaz para o alívio e para a resolução do problema

São 560 milhões de pessoas com dor

De acordo com dados, em todo o mundo a dor na lombar é uma das principais causas de incapacidade, afetando mais de 560 milhões de pessoas. Publicada no BJM, a revisão contou com 97 estudos sobre adultos que experimentaram o desconforto crônico. 

Utilizando modelagem estatística, os pesquisadores compararam a eficácia das terapias destinadas a melhorar:

A análise revelou que a fisioterapia combinada com abordagens psicológicas, como educação para a dor e terapia cognitiva-comportamental (TCC), melhoraram com maior efetividade a dor lombar crônica do que a fisioterapia sozinha.

Para melhorar a função física e evitar o medo, por exemplo, os programas de educação para dor em conjunto com a fisioterapia ofereceram os efeitos mais sustentados. Já para melhorar a intensidade da dor, a TCC combinada com sessões de fisioterapia ofereceu os benefícios mais duradouros.

Confira:

Em outras palavras, o estudo mostra as vantagens de uma abordagem interdisciplinar para a dor lombar crônica. A integração da terapia comportamental e da fisioterapia ajudou as pessoas a alcançarem uma melhor função, reduzirem o ciclo de comportamento evitador e diminuírem a intensidade da dor.

No dia a dia, por exemplo, isso pode levar a dias de trabalho mais produtivos e a um sono de melhor qualidade, além de permitir que as pessoas participem de atividades mais sociais, o que impulsiona o bem-estar geral.

Como a abordagem psicológica pode ajudar?

As terapias psicológicas podem ajudar as pessoas a reformularem pensamentos negativos e mudarem a percepção da dor. Alguns exemplos de abordagens que visam reduzir o sofrimento relacionado à dor são a terapia cognitiva comportamental (TCC), a terapia de aceitação e comprometimento (ACT), a redução do estresse baseado em mindfulness (MBSR), o biofeedback e a terapia de reprocessamento da dor (PRT). 

Segundo os pesquisadores, a neurociência já demonstrou que o cérebro e o corpo estão sempre conectados e que a dor é uma combinação de questões médicas, cognitivas, emocionais e ambientais. 

Estratégias para gerenciar a dor de forma eficaz devem abordar corpo e cérebro, integrando terapias físicas e psicológicas, como com programas de restauração funcional e trabalhando com um psicólogo da dor. Obter uma melhor compreensão da dor e tratar todos os fatores que contribuem para o incômodo crônico pode ser empoderador e curativo.

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