Jairo Bouer Publicado em 25/10/2019, às 14h57 - Atualizado em 01/11/2019, às 15h25
Um estudo que contou com mais de 49 mil crianças e adolescentes, nos EUA, mostra que menos da metade delas dorme o suficiente durante a semana. O trabalho também conclui o que vários outros pesquisadores já perceberam: quem dorme mais tem melhor desempenho na escola, além de menos problemas de comportamento.
A falta de sono crônica é algo cada vez mais frequente – com iluminação pública, internet móvel e mais opções de entretenimento, ninguém quer ou consegue ir para a cama cedo. Entre as consequências para a saúde física e mental estão o cansaço, a desatenção e o risco aumentado para uma série de doenças, como diabetes e obesidade. Quanto mais cedo a privação começa, maior pode ser o impacto, por isso especialistas têm insistido na mudança de hábitos dos mais novos.
Médicos da Academia Americana de Pediatria decidiram investigar como o desempenho de crianças e adolescentes podem variar de acordo com o sono e, para isso, utilizaram uma pesquisa nacional de saúde com anos de acompanhamento. Eles descobriram que apenas 47,6% dos jovens de 6 a 17 têm dormido 9 horas por noite, o mínimo recomendado, e então compararam o desenvolvimento desses garotos e garotas com o daqueles que não descansam o suficiente.
As diferenças entre os dois grupos foram significativas. Aqueles que dormem mais apresentaram uma probabilidade 44% maior de demonstrar curiosidade e interesse em aprender coisas novas; 33% maior chance de fazer toda a lição de casa diariamente; 28% maior preocupação em se sair bem na escola; e uma tendência 14% maior a terminar todas tarefas iniciadas.
Diversos estudos já mostraram que dormir bem se reflete em melhores notas, mas o trabalho atual é interessante porque revela a origem desse bom desempenho. Claro que para ir bem na escola é preciso prestar atenção nas aulas e fazer a lição de casa, mas, para querer fazer isso, é preciso ter vontade de aprender e de ser bem-sucedido. E tudo indica que o cansaço tem impacto direto no nível de motivação das pessoas.
O trabalho ainda identificou algumas condições que podem interferir na quantidade de sono de crianças e adolescentes. Pais com menores níveis de educação e renda, traumas de infância e problemas de saúde mental foram alguns fatores de risco encontrados. Outro foi o tempo gasto pelos jovens em mídias digitais – diferente dos outros, esse fator é modificável. Mas é preciso estar descansado para vencer as tentações oferecidas pelas telas.