Redação Publicado em 09/11/2022, às 12h00
Você provavelmente faz o possível para evitar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs, anteriormente conhecidas como DSTs) usando preservativos e conversando com seu médico sobre possíveis exames. Mas e o beijo – podemos pegar uma IST pelo contato labial? Você pode se surpreender ao saber que, sim, algumas podem ser transmitidas dessa maneira.
Isso é algo que não é muito discutido, mas é bom saber. Como isso provavelmente não foi abordado em uma possível aula de educação sexual no ensino médio, a seguir, veja o que alguns especialistas falam sobre o tema.
O risco é baixo, mas, sim, você pode pegar uma IST beijando. “Existem infecções sexualmente transmissíveis que podem ser transmitidas por contato não sexual [como beijos] que também são propagadas por contato sexual”, disse Martha Rac, professora assistente de obstetrícia e ginecologia na Baylor College of Medicine, à Health.
O risco geral de contrair uma IST ao beijar é bastante baixo, mas é algo que pode acontecer. "Esta é definitivamente uma possibilidade, e há algumas ISTs com as quais nos preocupamos mais do que outras quando se trata de beijar", disse Michael Angarone, professor associado de doenças infecciosas da Northwestern Feinberg School of Medicine, à Health.
Em geral, os médicos dizem que você corre mais risco de beijar boca a boca, mas existem algumas ISTs que podem ser transmitidas ao beijar a bochecha, a cabeça e até os olhos de alguém.
Abaixo, um detalhamento das infecções que podem ser transmitidas por meio do contato boca a boca.
O herpes é causado por dois vírus semelhantes – vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-1) e vírus herpes simplex tipo 2 (HSV-2). Ambos podem ser transmitidos pelo beijo. O herpes oral é causado principalmente pelo HSV-1 (embora também possa ser causado pelo HSV-2), de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). O HSV-1 pode causar herpes labial na boca ou ao redor dela. Você pode ter HSV-1 sem nenhum sintoma.
A maioria das pessoas com HSV-1 foi infectada quando criança ou adulto jovem por contato não sexual com saliva, como beijos. "O maior risco de transmissão é quando lesões ativas - herpes labial na boca - estão presentes", disse Martha. Uma pesquisa recente do CDC descobriu que 47,8% das pessoas de 14 a 49 anos têm HSV-1.
O HSV-2 geralmente causa herpes genital, mas também pode causar herpes oral. Às vezes, se você pratica sexo oral, pode ter HSV-2 ao redor da boca na forma de herpes labial. Você pode adquiri-lo se beijar alguém que contraiu HSV-2 de sexo oral ou beijo. Ainda assim, "é mais raro obter HSV-2 de um beijo do que HSV-1", disse Angarone.
Aos 40 anos, mais da metade de todos os adultos foram infectados com citomegalovírus (CMV), de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. O CMV geralmente não aparece na lista principal de ISTs, mas o vírus se espalha pelo contato com fluidos corporais infectados, incluindo sêmen, secreções vaginais, sangue, urina, leite materno e até lágrimas, de acordo com o CDC.
"O maior risco de transmissão é o contato com a saliva de uma pessoa sintomática com CMV", afirma a ginecologista. Em outras palavras, se você beijar alguém com CMV, também corre o risco de contraí-lo. O vírus normalmente fica adormecido no corpo. A maioria das pessoas nunca tem sintomas nem sabe que o carrega. Em alguns casos, o citomegalovírus pode causar febre, dor de garganta, fadiga e glândulas inchadas. E enquanto os sintomas desaparecem, uma vez que você o contraiu, o vírus permanece em seu sistema e pode ser reativado. Em casos raros, pode causar mononucleose (também conhecida como mono ou "doença do beijo") ou hepatite (inflamação do fígado).
A sífilis é transmitida pelo contato direto com feridas – e estas podem ser encontradas no pênis, vagina, ânus, reto, lábios, boca ou ao redor dela. De acordo com o CDC, os sintomas podem incluir feridas firmes, redondas e indolores no local da infecção; uma erupção cutânea; gânglios linfáticos inchados; e febre. O risco de contrair sífilis por beijos é muito pequeno. Embora possa acontecer, a sífilis oral é muito rara, tanto que uma foi apresentada em um relatório de caso de 2016.
Depende da condição. HSV-1 e HSV-2 são tratados com medicamentos antivirais como aciclovir, fanciclovir e valaciclovir, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Mas enquanto esses medicamentos podem ajudar a reduzir os sintomas e a frequência dos surtos, os antivirais não podem curar a infecção.
Pessoas saudáveis com citomegalovírus geralmente não precisam de tratamento, de acordo com o CDC. Pessoas com um sistema imunológico enfraquecido que contraem CMV podem receber medicamentos antivirais como valganciclovir que podem ajudar. A sífilis pode ser curada com uma forma injetável de penicilina, observou o CDC. Se for diagnosticada em um estágio posterior, mais de uma injeção pode ser necessária.
Prevenir ISTs orais é um pouco complicado. É improvável que você peça o histórico sexual completo de alguém antes do primeiro beijo. Ainda assim, os médicos dizem que existem algumas maneiras inteligentes de diminuir seu risco.
Não beije alguém quando há ferida na boca: embora seja possível contrair herpes e sífilis pelo beijo quando alguém não mostra nenhum sinal da IST, é mais provável que isso aconteça quando você pode realmente vir uma ferida, destacou Angarone.
Pergunte: novamente, o beijo tende a acontecer espontaneamente, e é improvável que você tenha tempo de ter uma grande conversa sobre a história sexual de alguém. Mas é mais do que correto perguntar sobre a saúde sexual de uma pessoa antes de beijá-la – e ser aberto sobre seu próprio histórico.
Vale lembrar que ter muitos parceiros íntimos pode aumentar o risco de ter uma infecção, embora ter um único parceiro não seja garantia de viver livre de ISTs.
No geral, os médicos enfatizam que o risco de contrair uma IST ao beijar é bastante baixo. Mas se o seu crush tiver uma ferida óbvia nos lábios ou ao redor deles, é melhor pular os amassos até que ele se cure, só por segurança.
Fonte: Health
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