O desejo de muita gente é eliminar a gordura de áreas como barriga, glúteos e pernas, mas será que dá para fazer isso de forma isolada?
Fausto Fagioli Fonseca Publicado em 25/11/2024, às 09h00
Quem nunca desejou perder gordura exatamente naquela área que mais incomoda? Seja na barriga, nas coxas ou nos braços, a promessa de queimar gordura localizada é amplamente propagada, especialmente em anúncios de produtos e exercícios "milagrosos".
No entanto, essa ideia não passa de um mito...
Nossos corpos não conseguem direcionar a queima de gordura para áreas específicas. Em vez disso, quando nos exercitamos ou reduzimos a ingestão calórica, o corpo acessa suas reservas de gordura de maneira geral, mobilizando gorduras armazenadas em diversas regiões.
Ou seja, apesar de exercícios focados em áreas específicas, como abdominais e agachamentos, serem ótimos para fortalecer músculos, eles não resultam necessariamente em redução de gordura naquela região.
A gordura corporal é armazenada em células chamadas adipócitos, tanto na forma subcutânea (logo abaixo da pele) quanto visceral (ao redor dos órgãos).
Quando o corpo precisa de energia, ele converte triglicerídeos (um tipo de gordura) em ácidos graxos e glicerol, que são transportados pela corrente sanguínea para serem usados como combustível pelos músculos. Esse processo ocorre de maneira indiscriminada, sem priorizar uma área específica.
Estudos confirmam que a redução localizada não funciona. Um estudo recente, que reuniu dados de 13 estudos com mais de 1.100 participantes, concluiu que treinar músculos de uma área específica não reduz a gordura naquela região.
Um exemplo disso é uma pesquisa de 12 semanas, que comparou pessoas que fizeram exercícios abdominais com um grupo que apenas mudou a dieta. Ambos tiveram perda de gordura semelhante, mas sem diferenças significativas na região abdominal.
Fatores genéticos, hormonais e até mesmo a idade influenciam como e onde armazenamos gordura. Isso significa, grosso modo, por exemplo, que se sua mãe tende a acumular gordura no quadril ou na barriga, é provável que você também tenha essa tendência.
Além disso, mulheres geralmente possuem mais gordura subcutânea devido à necessidade biológica de reservas para gestação e amamentação, enquanto os homens tendem a acumular mais gordura visceral.
Com o passar dos anos, essas diferenças tornam-se ainda mais evidentes. Durante a menopausa, por exemplo, muitas mulheres percebem um aumento na gordura abdominal devido às mudanças hormonais e metabólicas.
Pílulas e suplementos que prometem queimar gordura localizada também carecem de evidências científicas. Estudos conduzidos pela Universidade de Sydney analisaram mais de 120 ensaios controlados por placebo e concluíram que suplementos dietéticos e herbais não produzem reduções significativas no peso corporal. Portanto, confiar exclusivamente nesses produtos pode gerar expectativas irreais e até riscos à saúde.
Embora não possamos escolher de onde a gordura será eliminada, exercícios físicos ajudam a queimar gordura total e a preservar a massa muscular. Isso, por sua vez, aumenta a taxa metabólica, ou seja, o corpo passa a gastar mais energia mesmo em repouso.
Para mudanças corporais perceptíveis, combine uma alimentação saudável, sono adequado e exercícios que promovam o fortalecimento muscular e a queima calórica, como treinos de resistência e cardiovasculares.
Lembre-se: a perda de gordura sustentável acontece em etapas. Pequenas mudanças no estilo de vida, somadas ao tempo e à consistência, são as verdadeiras aliadas para transformar seu corpo e manter a saúde.
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