Estudo deve incentivar mulheres a se movimentarem mais (e não menos)
Tatiana Pronin Publicado em 20/02/2024, às 18h00
Se você colocar homens e mulheres da mesma faixa etária para praticar a mesma quantidade de exercícios regularmente, é provável que elas acumulem mais benefícios à saúde do que eles. É o que sugere uma pesquisa que acaba de ser publicada no Journal of the American College of Cardiology.
A recomendação dos especialistas, em geral, é que homens e mulheres com idade entre 19 e 64 anos realizem pelo menos 150 minutos de exercício moderado, ou 75 de exercício vigoroso, por semana, com atividades de fortalecimento muscular pelo menos duas vezes por semana.
Estudos têm mostrado que meninas e mulheres tendem a praticar menos atividade física do que meninos e homens. Apesar disso, novas evidências sugerem que homens e mulheres obtêm ganhos diferentes com os mesmos níveis de atividade física.
"Nosso estudo não sugere que as mulheres devam fazer menos exercícios, mas sim incentiva aquelas que podem não estar praticando exercícios suficientes por diversos motivos, pois mesmo quantidades relativamente pequenas de exercício podem proporcionar benefícios significativos", disse Hongwei Ji, coautor do estudo e pesquisador da Universidade Tsinghua, na China.
Ji e colegas analisaram os dados de 412.413 participantes saudáveis, recrutados de 1997 a 2017. Até o fim de 2019, 39.935 haviam morrido, dos quais 11.670 por problemas cardiovasculares. Durante o estudo, os participantes participaram de pesquisas de saúde, que incluíam perguntas sobre exercícios.
Os resultados revelam que uma proporção maior de homens praticava atividade física regular e exercícios de fortalecimento do que mulheres.
No entanto, apesar de a prática de exercícios ser associada a um risco reduzido de morte prematura para homens e mulheres – incluindo eventos cardiovasculares, como infarto e derrame – os benefícios eram maiores para elas.
Entre outros resultados, a equipe descobriu que 140 minutos de exercícios moderados por semana reduziam o risco de morte prematura por qualquer causa nas mulheres em 18%, em comparação com a inatividade. Em contraste, os homens precisavam de 300 minutos do mesmo exercício por semana para obter um ganho semelhante.
A redução do risco aumentou com o tempo gasto em exercícios para homens e mulheres, até cerca de 300 minutos de atividade moderada por semana – quando se estabilizou. Neste nível, as mulheres tinham um risco 24% menor de morte prematura por qualquer causa em comparação com a inatividade.
"O limite de 300 minutos é onde observamos os maiores benefícios, mas diferenças sexuais estatisticamente significativas surgem com doses ainda menores", comentou Ji.
No entanto, a equipe alerta que o estudo é baseado em exercícios auto-relatados e não incluiu atividades físicas associadas a tarefas domésticas.
Uma das explicações para as diferenças está na composição corporal, que também difere para homens e mulheres. Em geral, com a mesma quantidade de exercício, as mulheres precisam fazer mais esforço, o que traria uma resposta distinta.
Para a coatura do estudo, Susan Cheng, do Centro Médico Cedars-Sinai, nos EUA, fica claro que diferentes tipos de investimento geram diferentes tipos de ganho para homens e mulheres.
Ela espera que esses resultados sirvam de incentivo para mulheres que podem se sentir intimidadas a praticar exercícios, por causa do excesso de responsabilidades em casa ou com os filhos. Pelo menos no que se trata de atividade física, elas não precisam se esforçar tanto quanto os homens para obter os mesmos benefícios à saúde.
Exercício pode ser tão importante para depressão quanto terapia
Odeia exercícios? Saiba como lidar com isso
Quem tem fibromialgia pode fazer atividade física?
Ataques cardíacos em mulheres são subestimados por médicos, diz estudo