"Emophilia": você se apaixona com facilidade?

Estudo mostra que esse traço psicológico é distinto e tem relação com a infidelidade

Tatiana Pronin Publicado em 25/07/2024, às 09h00

Facilidade ou não para se apaixonar é um traço psicológico distinto, segundo pesquisadores - iStock

Você já ouviu falar em “emophilia”? (Não confundir com “hemofilia”, condição genética que afeta a coagulação do sangue). Esta palavra de origem grega (que pode ser traduzida como “gosto por emoções”) tem aparecido com certa frequência no TikTok e em outras redes sociais, e é usada por psicólogos para descrever o quão facilmente uma pessoa se apaixona. Pode ser chamado também de “promiscuidade emocional”.

Pois um grupo de pesquisadores noruegueses examinou recentemente a validade da Escala de Promiscuidade Emocional em uma população escandinava, e descobriu que indivíduos com alto nível de emophilia tendem a ter mais relacionamentos românticos e maior propensão à infidelidade.

O estudo foi publicado no periódico Frontiers in Psychology.

Como a paixão acontece

O amor romântico é uma intensa atração emocional e física por outra pessoa, caracterizada por sentimentos de paixão, intimidade e compromisso.

Tipicamente, começa com uma atração inicial e paixão, onde os indivíduos experimentam emoções intensificadas e um forte desejo de estar próximos um do outro. Se esses sentimentos são mútuos, os envolvidos podem começar um relacionamento romântico.

À medida que o relacionamento progride, vínculos emocionais mais profundos e apego se desenvolvem por meio de experiências compartilhadas, comunicação e apoio mútuo.

A parte inicial desse processo é conhecida como "se apaixonar”. Essa experiência inclui emoções intensas, muitas das quais são agradáveis, mas outras podem ser dolorosas, como a dor emocional na ausência do ente querido ou o desejo por ele.

Para alguns, a paixão vem fácil

As pessoas diferem em quão facilmente e com que frequência se apaixonam. Enquanto algumas se apaixonam frequentemente e muito facilmente, outras têm essa experiência com muito menos frequência ou nunca, e pode ser necessário muito mais para que isso aconteça.

Pesquisadores propõem que a facilidade com que alguém se apaixona e a frequência com que isso acontece é um traço psicológico relativamente estável.

Quantas vezes você foi infiel?

A autora do estudo, a pesquisadora Sol Røed, e seus colegas, queriam avaliar se a Escala de Promiscuidade Emocional (EPS) mede com precisão o grau de emophilia na população escandinava. Sua suposição era de que isso poderia prever o número de relacionamentos românticos que uma pessoa terá e com que frequência essa pessoa será infiel.

Os pesquisadores coletaram dados usando uma pesquisa online distribuída pelo jornal norueguês VG+ e pelo jornal sueco Aftonbladet+. Eles coletaram respostas de 2.607 indivíduos, 75% dos quais eram mulheres.

Os participantes relataram o número de relacionamentos românticos que tiveram em suas vidas ("quantos relacionamentos românticos você teve em sua vida?") e o número de vezes que foram infiéis ("quantas vezes você foi infiel?"). Eles também completaram a escala e duas avaliações de traços de personalidade: a Dirty Dozen (para traços da Tríade Sombria) e o Mini International Personality Item Pool (para traços de personalidade).

É mais comum a homens ou mulheres? 

Os resultados confirmaram que a escala produz medidas válidas de emophilia no contexto escandinavo. E não houve diferenças significativas de gênero.

Análises adicionais revelaram que a emophilia teria algumas associações com traços de personalidade, particularmente com neuroticismo, maquiavelismo e narcisismo. No entanto, essas associações foram fracas, confirmando que a facilidade para se apaixonar pode ser considerada uma característica psicológica distinta. 

Os resultados mostraram que indivíduos com emophilia mais pronunciada tendiam a ter tido mais relacionamentos românticos ao longo da vida, e também relataram ser infiéis com mais frequência.

O estudo faz uma contribuição valiosa para o desenvolvimento de ferramentas de avaliação psicológica e para a compreensão científica da capacidade de se apaixonar. Apesar disso, mais pesquisas devem ser feitas para confirmar os resultados.

 

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