Os rins têm como função a capacidade de filtrar o sangue e regular os fluidos, hormônios, ácidos e sais no corpo. Para falar de insuficiência renal, primeiramente, é importante diferenciar seus dois tipos: o agudo, em que o insulto ao rim ocorre rapidamente, podendo levar à perda da função dos rins de horas a dias – e é potencialmente reversível; e o crônico, em que tal insulto perdura por mais de 3 meses, ocasionando perda da função dos rins de caráter crônico e progressivo.
Falando da insuficiência renal aguda, podemos dividi-la de acordo com suas causas, que podem ser:
1) Pré-renais: como desidratação, queimaduras extensas, perda de sangue, falha na bomba do coração – que é a insuficiência cardíaca, uso abusivo de laxativos e de diuréticos;
2) Renais: são as doenças que acometem os vários compartimentos dos próprios rins – por exemplo: as vasculites, as nefrites, as doenças infecciosas como hepatite B e C e o HIV, o uso abusivo de anti-inflamatórios, a sepse – que consiste na inflamação geral do organismo secundária a uma infecção, a embolia por colesterol – como após uma cirurgia vascular, a síndrome hepatorrenal – quando uma doença grave do fígado leva à disfunção dos rins, e coágulos nas veias do rim – como em doenças que aumentam a coagulação;
3) Pós-renais: que são os casos de obstruções ao fluxo de urina – exemplo: pedras nos 2 ureteres – os “canos” que ligam a bexiga à uretra, tumores obstrutivos como o câncer de colo de útero e a fibrose no retroperitônio.
A importância de dividir a etiologia da lesão renal aguda (antigamente chamada de insuficiência renal aguda) é justamente entender o mecanismo do problema, para assim combatê-lo e tratá-lo, evitando que a lesão se propague e torne-se irreversível.
Agora, em outro panorama, temos a doença renal crônica (ou antes denominada insuficiência renal crônica), que é caracteristicamente progressiva. Ou seja, não há retorno para uma função renal adequada, podendo inclusive chegar ao último grau de disfunção dos rins (que é o grau 5), aquele em que somente a diálise ou o transplante podem salvar a vida do paciente.
Neste caso, no Brasil, a doença mais prevalente que vai destruindo as funções dos rins é a hipertensão arterial sistêmica (pressão alta). Silenciosa, a hipertensão não dá sintomas, e o diagnóstico precisa ser realizado o quanto antes, através da medição da pressão arterial acima de 140x90mmHg. Nos Estados Unidos, esta medida é ainda mais conservadora – lá, se você tiver pressão acima de 130x80mmHg, já deveria iniciar o tratamento para hipertensão.
A segunda doença mais importante que deteriora os rins é a famosa diabetes. Quando esta doença é mal controlada, ou seja, não são atingidos os níveis de glicose ideais, os rins são sobrecarregados e, a longo prazo, excretam proteínas que não deveríamos eliminar. Isso pode acarretar na doença renal crônica terminal (estágio 5), e o paciente precisará, assim, iniciar um programa de substituição da função renal, como a diálise.
Além disto, a obesidade e o tabagismo também podem levar à insuficiência renal crônica. Ou seja, são causas potencialmente evitáveis. Importante, portanto, é realizar seu check-up para pressão alta e diabetes, manter hábitos de vida saudáveis, alimentação equilibrada e cessar o tabagismo.
* Caroline Reigada é médica nefrologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, com residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e residência em Nefrologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira, integra o corpo clínico de hospitais como São Luiz, Beneficência Portuguesa de São Paulo e Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro
Caroline Reigada
Médica nefrologista, especialista em medicina interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Também é especialista em medicina intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, atualmente é médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Site Doutor Jairo