Quando estudantes do ensino médio sofrem assédio baseado em gênero, e as escolas não respondem de forma adequada, esses jovens chegam na faculdade ou na
Jairo Bouer Publicado em 15/09/2020, às 20h27 - Atualizado em 30/09/2020, às 12h51
Quando estudantes do ensino médio sofrem assédio baseado em gênero, e as escolas não respondem de forma adequada, esses jovens chegam na faculdade ou na idade adulta com potenciais problemas de saúde mental. O alerta é de um estudo das universidades de Oregon, nos EUA, e de Toronto, no Canadá, e publicado no periódico PLOS ONE.
O assédio baseado em gênero é considerado um tipo de assédio sexual e pode até fomentar a violência sexual. É caracterizado por comentário sexistas e comportamentos ofensivos contra determinado gênero. De acordo com a pesquisa, 97% das mulheres e 96% dos homens, de um total de 535 estudantes universitários, já tinham sofrido esse tipo de agressão ao menos uma vez durante o ensino médio.
Quando a escola deixa de responder adequadamente a uma denúncia, o jovem tende a reagir ainda pior ao assédio. É o que os autores do estudo chamam de “traição institucional”, porque a escola tem a obrigação de defender quem depende dela.
O estudo usou como pretexto uma pesquisa acadêmica sobre as respostas das escolas de segundo grau ao assédio de gênero desde o início do movimento #MeToo (que no Brasil foi traduzido como #EuTambém). Os participantes – 363 mulheres, 168 homens, 3 indivíduos não binários e 1 que não relatou seu gênero, não sabiam qual era a real intenção do trabalho inicialmente.
Os jovens responderam a questionários sobre suas experiências com assédio de gênero e como suas escolas tinham respondido aos casos. Eles também passaram por avaliações para verificar a presença de sintomas comuns após traumas, como dores de cabeça, problemas de memória, crises de ansiedade, pesadelos, insônia e problemas sexuais.
Quanto mais casos de assédio e mais comum a traição institucional, maiores os desafios mentais, físicos e emocionais enfrentados pelos jovens ao entrar na faculdade. Os autores sugerem que os educadores prestem mais atenção a essas questões, e ouçam mais os alunos. Fazer entrevistas, grupos de discussão e pesquisas anônimas são boas ferramentas para isso.