Pesquisa sugere que as "músicas chicletes” são capazes de levar à baixa qualidade do sono
Redação Publicado em 11/06/2021, às 17h00
A música é algo muito presente na vida de grande parte das pessoas e muitas gostam de levar esse hábito para a cama, próximo ao horário de dormir. Mas será que isso pode prejudicar o sono?
Após perceber que estava acordando no meio da noite com “músicas chicletes” na cabeça, um pesquisador da Universidade Baylor (Estados Unidos) percebeu que tinha uma oportunidade de estudar como a música, especialmente as “chicletes”, aquelas que grudam na cabeça, podem afetar os padrões do sono.
O estudo, publicado recentemente na revista Psychological Science, investigou, então, essa relação entre ouvir música e dormir, focando em um mecanismo raramente explorado: as “músicas chicletes”, que também podem surgir na mente enquanto uma pessoa tenta dormir.
De acordo com a equipe, o cérebro dos seres humanos continua processando música mesmo quando ninguém está tocando, incluindo momentos em que, aparentemente, estão dormindo. Todo mundo sabe que ouvir música é bom - e muitas pessoas costumam ter esse hábito perto da hora de dormir.
Entretanto, muitas vezes, o exagero não faz bem. Quanto mais uma pessoa ouve música, maior a probabilidade de ela ficar com uma melodia na cabeça e, quando isso acontece, é provável que o sono piore, de acordo com a pesquisa.
Os achados mostram que aqueles que escutam “músicas chicletes” regularmente à noite – uma ou mais vezes por semana – têm seis vezes mais chances de apresentar baixa qualidade de sono em comparação às pessoas que raramente experimentam esse tipo de melodia.
Surpreendentemente, o estudo descobriu ainda que algumas músicas instrumentais são mais propensas a provocar esse fenômeno e interromper a qualidade do sono do que a músicas líricas, por exemplo.
A pesquisa envolveu 209 participantes que completaram uma série de questionários sobre a qualidade do sono, hábitos musicais e frequência de “músicas chicletes”, incluindo a regularidade com que experimentaram esse tipo de fenômeno enquanto tentavam dormir, acordando no meio da noite e imediatamente ao despertar pela manhã.
No estudo, 50 pessoas foram levadas para o laboratório da universidade, onde a equipe tentou induzir as “músicas chicletes” para determinar como isso afetava a qualidade do sono. A polissonografia – um teste considerado padrão ouro para o sono – foi usada para registrar as ondas cerebrais das pessoas, a frequência cardíaca, a respiração e muito mais enquanto dormiam.
Os pesquisadores explicaram que, antes de os participantes dormirem, eles colocaram três músicas populares para tocar: 'Shake It Off', de Taylor Swift, 'Call Me Maybe', de Carly Rae Jepsen, e 'Don't Stop Believin', de Journey.
Aleatoriamente, a equipe elegeu quais pessoas iriam ouvir as versões originais dessas músicas e quais escutariam as versões instrumentais. Após essa etapa, elas responderam se e quando experimentaram o fenômeno da "música chiclete” e, a partir daí, foi analisado se isso impactou de alguma forma o sono.
Confira:
As descobertas mostraram que os participantes que relataram ter ficado com a música na cabeça tiveram mais dificuldade em dormir, acordaram mais vezes durante a noite e passaram mais tempo em estágios leves de sono.
Para os pesquisadores, os resultados foram surpreendentes, já que o esperado era que as pessoas tivessem a “música chiclete” na mente quando tentassem dormir, mas não se sabia que poderiam acordar regularmente do sono com a melodia na cabeça.
De acordo com a equipe, quase todo mundo acreditava que a música melhorava o sono, mas o estudo mostrou que aqueles que ouvem mais música dormem pior. Além disso, as melodias instrumentais levaram a uma qualidade inferior do sono, já que o gênero gera cerca de duas vezes mais o fenômeno da “música chiclete”.
Com os achados, os pesquisadores recomendam fazer pausas ocasionais caso a pessoa perceba que a melodia “já grudou na cabeça”. O momento de ouvir a música também é importante: o ideal é evitar escutá-la muito próximo da hora de dormir.
Outra orientação é buscar se envolver em alguma atividade cognitiva que permita à pessoa o foco total em uma tarefa. Perto da hora de dormir, por exemplo, em vez de assistir TV ou jogar videogames, seria melhor passar de cinco a 10 minutos escrevendo uma lista de tarefas e colocando pensamentos no papel.
Estudos anteriores descobriram que as pessoas que levaram cinco minutos para escrever as próximas tarefas antes de dormir "descarregaram" pensamentos preocupantes sobre o futuro e conseguiram pegar no sono mais rápido.
Veja também:
Playlist de sexo realmente ajuda no momento? Pesquisa mostra resultado
Tempo de sono pode impactar no uso de cannabis e álcool, segundo estudo
Cafeína não é suficiente para combater efeitos da privação do sono
Ao malhar, use o smartphone apenas para ouvir música