Cármen Guaresemin Publicado em 10/11/2021, às 10h00
Quando você vai às compras no supermercado ou mercearia e compra um alimento embalado costuma observar o rótulo? E entende o que está lendo? O rótulo dos alimentos é aquela tabela com informações sobre as quantidades e qualidades de nutrientes, como carboidratos, proteínas e vitaminas dos alimentos, que geralmente fica atrás do produto.
Outras informações que constam nos rótulos são as quantidades de calorias, gorduras totais e as explicações sobre os ingredientes usados no preparo dos produtos. Se ele contém ingredientes alergênicos, como glúten, lactose, soja, amendoim ou amêndoas, por exemplo. Desse modo, é possível que pessoas com restrições alimentares evitem itens que podem causar problemas de saúde.
“Geralmente, na parte de trás dos rótulos dos alimentos empacotados está a tabela de informações nutricionais, onde deve constar a quantidade de nutrientes por porção do produto e qual percentual essa porção representa do total diária recomendado”, resume a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).
Ela lembra que, segundo a nova norma de rotulagem aprovada pela Anvisa em 2020, que entrará em vigor a partir de outubro de 2022, um símbolo em forma de lupa deverá estar visível na frente das embalagens, para identificar o alto teor de três nutrientes críticos (sódio, açúcar adicionado e gordura saturada) que são prejudiciais à saúde.
Foram seis anos de muita discussão, estudos e análises técnicas robustas para que as novas regras para Rotulagem Nutricional fossem aprovadas por unanimidade pela Diretoria Colegiada da Anvisa. Elas trarão modificações profundas na rotulagem nutricional dos alimentos quanto à declaração de nutrientes na tabela, uso de rotulagem frontal e alegações. Mas para conseguir entender as informações que vêm no rótulo e, principalmente, como cada ingrediente atua no organismo, é importante primeiro conhecer o que significam os termos utilizados e os componentes da tabela de informação nutricional.
Por exemplo, o Percentual de Valores Diários (%VD) indica, em porcentagem, quanto de energia e nutrientes a porção daquele alimento apresenta, tendo geralmente como base uma dieta de 2.000 calorias. Cada nutriente apresenta um valor diferente para se calcular o VD (valor diário). Confira os valores diários de referência:
“Para interpretar as informações corretamente é preciso saber primeiro qual a porção indicada no rótulo, por exemplo: é uma unidade inteira, cinco unidades, um copo, etc. Em seguida, é preciso observar os nutrientes obrigatórios, como energia, carboidratos, proteínas, gorduras, sódio e fibras. Assim, o consumidor pode escolher com mais conhecimento, se determinado alimento se encaixa ou não nos seus objetivos nutricionais”, diz Cintya Bassi, nutricionista do São Cristóvão Saúde.
Ela ensina que, ao ler o rótulo, o consumidor deve ficar atento às informações nutricionais, especialmente a quantidade de ingredientes que acarretam mais risco à saúde, como sódio, açúcar e gorduras saturadas e trans; se a %VD for alta, é preciso acender uma “luz amarela” de atenção. Outras informações importantes são encontradas na lista de ingredientes, toda a composição do alimento aparece em ordem decrescente, ou seja, aqueles que aparecem primeiro são os que estão presentes em maior quantidade.
“Se o alimento possui uma lista cheia de ingredientes que o consumidor desconhece, também é necessário ficar atento, já que isso indica acréscimo pela indústria de substâncias para favorecer prazo de validade ou modificar a estrutura natural do alimento”, explica Cintya.
Marcella comenta que a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que o consumo de sódio para a população adulta seja de até 2.000 mg/dia, o que equivale a até 5 gramas de sal. Pessoas com situações especiais, que restringem as quantidades diárias de sódio, como hipertensos, cardiopatas, nefropatas e gestantes, devem consumir quantidades menores.
Já Cyntia chama a atenção para termos cuidado e olhar bem os rótulos, pois há alimentos que aparentam ser “saudáveis”, mas têm o teor de sódio muito elevado: “Se possuir na composição quantidade igual ou maior do que 400 mg de sódio em 100 g ou 100 mL, é um alimento considerado com alto teor de sódio. De acordo com as recomendações da OMS, o consumo diário não deve ultrapassar 2 gramas de sódio, porém pesquisas mostram que o brasileiro consome em média 5 gramas e isso acarreta problemas de saúde importantes, como pressão alta, problemas no coração, rins, obesidade, etc”.
Ambas as profissionais concordam que, além do sódio, devemos evitar também alimentos ultraprocessados, como enlatados, refeições congeladas, salsichas, salames, etc. Esses alimentos são produzidos a partir da adição de muitos ingredientes, o que pode incluir adição de sal, açúcar, gorduras, e muitos outros, inclusive alguns produzidos em laboratório e que, em geral, têm como objetivo, aumentar prazo de validade e modificar as características naturais do alimento, como sabor, cor e textura. O consumo frequente desses alimentos está associado à obesidade e a diversas outras doenças.
Para se comparar os produtos por meio dos rótulos é preciso avaliar a informação nutricional para uma mesma quantidade de cada um deles. Por exemplo, se os rótulos de dois tipos de pães dão a informação nutricional para 50 gramas, é possível comparar ambos sem fazer outros cálculos. Já se o rótulo de um oferecer a informação para 50 gramas e o do outro fornecer os dados para 100 gramas, será preciso fazer um cálculo proporcional para compará-los de forma adequada.
E como fazer com alimentos que não têm rótulo, mas são sempre ricos em sódio, como certos queijos, embutidos, feijoada, pão francês? "A rotulagem é obrigatória para praticamente todos os alimentos industrializados. Porém, quando o alimento não tem as informações, é necessário buscá-las por outros meios, como junto a profissionais da área, revistas especializadas no assunto, ou mesmo na internet, por exemplo", aconselha a nutricionista.
Para finalizar, Cyntia diz que devemos ter em mente que os alimentos mais saudáveis, não precisam de rótulos, que são os chamados in natura, como as frutas, verduras e legumes, e que devem fazer parte da dieta diariamente.
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