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Esquizofrenia: conheça 5 dos principais sintomas

Alucinações visuais ou auditivas estão entre os sintomas da esquizofrenia - iStock
Alucinações visuais ou auditivas estão entre os sintomas da esquizofrenia - iStock

Segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde, cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela esquizofrenia. No Brasil esse número chega a dois milhões. Dados da  Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Pessoas com Esquizofrenia (Abre), por sua vez, estimam que 0,7% da população brasileira seja acometida pela doença.

A esquizofrenia é uma doença crônica incapacitante e pode fazer com que a pessoa tenha dificuldades nos estudos e no trabalho. Ela fundamentalmente se caracteriza por uma percepção distorcida da realidade. 

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Entre os principais sintomas estão delírios, alucinações, alterações de comportamento, redução do afeto com as pessoas, isolamento social e dificuldade em iniciar e manter atividades.

A esquizofrenia também pode estar associada a outras condições, como depressão, transtorno bipolar e uso de substâncias, como álcool, drogas e medicamentos.

Os primeiros sinais de esquizofrenia surgem geralmente na casa dos 20 anos. Também é possível que a esquizofrenia comece a se manifestar durante a adolescência, mas o diagnóstico nesses casos pode ser confundido por questões próprias da fase, como falta de motivação, irritabilidade e queda no desempenho escolar. É incomum que sejam feitos diagnósticos tanto para crianças quanto para adultos com mais de 45 anos.

Causa e tratamento

Não se sabe ao certo qual a causa específica da esquizofrenia, mas uma combinação de fatores pode explicar a influência no surgimento da doença. O principal fator de risco é de caráter genético, de modo que quem tem parentes de primeiro grau com esquizofrenia apresenta mais chances de desenvolver a doença.

Além disso, alguns fatores, como complicações na gestação ou no parto, infecções e doenças que possam comprometer o desenvolvimento do sistema nervoso durante o período gestacional também são importantes bases auxiliares da doença.

Algumas alterações bioquímicas de neurotransmissores podem, também, se relacionar à condição, como alterações nos níveis de dopamina e de glutamato, assim como o uso de substâncias psicoativas que alteram as funções cerebrais, como álcool e drogas.

O tratamento para a esquizofrenia é composto por abordagens medicamentosas e terapia que ajudam a melhorar a qualidade de vida . Os medicamentos, chamados antipsicóticos, são geralmente administrados de forma contínua para evitar ou controlar as crises.

 Já a terapia tem como objetivo facilitar a socialização e a integração do indivíduo com a sociedade. Também pode ser feito tratamento ou acompanhamento com terapeuta ocupacional, grupos de convivência e intervenções familiares, dentre outros.

Sinais e sintomas

De acordo com Leo Fávaro, acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), pacientes psicóticos, incluindo aqueles com esquizofrenia, podem apresentar variados sintomas. Apesar de essas manifestações serem muito importantes e elucidarem o diagnóstico, apresentar alguma delas não significa, necessariamente, que a pessoa tem esquizofrenia, já que outros critérios são utilizados para a confirmação diagnóstica.

Os sinais e sintomas podem ser agrupados em cinco principais domínios. Veja só:

1. Delírios

Manutenção de crenças fixas e que não mudam mesmo quando se prova que elas não são verdadeiras. Elas podem incluir delírio persecutório (como se alguém quisesse prejudicá-lo ou assediá-lo), de referência (ideia de que gestos, comentários e estímulos ambientais são direcionados à própria pessoa), de grandeza (quando ela acredita possuir poderes especiais, fama, riqueza) e erotomaníacos (que outra pessoa está falsamente apaixonada ela).

Além disso, a pessoa com esquizofrenia também pode apresentar delírios niilistas, com a ideia de que uma grande catástrofe acontecerá, e delírios somáticos, mostrando uma preocupação exacerbada em relação a sua saúde e seu corpo.

Confira:

2. Alucinações

Compreendem experiências como ver ou ouvir coisas sem que haja um estímulo externo se manifestando de forma clara para a pessoa, de forma que ela não pode controlar essas sensações. Assim, o paciente pode ver coisas e, mais frequentemente, ouvir vozes, familiares ou não, percebidas como alheias aos próprios pensamentos. Essas alucinações acontecem num ambiente normal do dia a dia, isto é, fora de rituais culturais ou religiosos e fora do período de adormecer ou de acordar, quando a pessoa pode ficar um pouco desorientada.

3. Pensamentos desorganizados

Isso normalmente é observado por meio de falas do indivíduo e pode se manifestar de diferentes formas. Assim, a pessoa pode mudar de assunto repentinamente, responder coisas desconexas com as perguntas e até constituir uma fala completamente desorganizada e quase incompreensível (como uma “salada de palavras”). Esse sinal deve ser considerado suficientemente grave quando atrapalha de forma significativa a comunicação.

4. Comportamento motor desorganizado ou anormal

Compreende quaisquer comportamentos que atrapalham a realização de atividades cotidianas. Esses comportamentos podem ser catatônicos ou negativos, como a redução das reações e interações da pessoa com o ambiente, resistência a instruções, apresentação de postura rígida, inapropriada ou bizarra ou, ainda, a pessoa pode ficar muda e deixar de apresentar respostas motoras como movimentos e gestos. De modo oposto, a pessoa pode apresentar movimentos repetidos, olhar fixo, caretas e eco da fala.

5. Sintomas negativos

Esses sintomas incluem a expressão emocional diminuída, isto é, redução na expressão de emoções pelo rosto, no contato visual, na entonação da fala e nos movimentos das mãos, da cabeça e da face.

Além disso, outros sinais incluem a redução em atividades motivadas, autoiniciadas e com uma finalidade, de modo que a pessoa fica sem vontade de fazer atividades, demonstrando pouco interesse. O paciente com esquizofrenia também pode falar pouco, ter menos prazer com estímulos positivos, degradação na lembrança do prazer anteriormente vivido e redução do interesse em interações sociais.

É comum ainda que pacientes com esquizofrenia relatem “roubo” de seu pensamento ou que algumas ideias foram incluídas em sua mente. Eles também podem apresentar certa falta de controle de seu corpo e de seus movimentos, além da falta de controle nos pensamentos. Ouvir vozes alucinatórias, fazendo comentários sobre o comportamento do paciente ou discutindo entre si, também são frequentes nesses casos.

Diferente do que habitualmente se pensa, a pessoa com esquizofrenia não é mais violenta do que outras pessoas. Esse aspecto está muito mais relacionado à história de vida da pessoa do que com a doença. O principal risco relacionado à violência na esquizofrenia é ao próprio paciente que, numa crise aguda, tem mais risco de tentar suicídio.

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Milena Alvarez

Milena Alvarez

Caiçara e jornalista de saúde há quatro anos. Tem interesse por assuntos relacionados a comportamento, saúde mental, saúde da mulher e maternidade. @milenaralvarez