Redação Publicado em 30/09/2021, às 17h00
Segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), de 10% a 20% das mulheres irão enfrentar algum quadro depressivo durante a gestação ou no pós-parto. Isso equivale a quase 600.000 mulheres desenvolvendo a condição a cada ano.
Estudos anteriores já sugeriram que o aleitamento materno poderia, possivelmente, reduzir o risco de depressão pós-parto (DPP). Entretanto, até então, foram analisados apenas o início e a duração da amamentação.
Nesse cenário, um grupo de pesquisadores da Universidade Atlântica da Flórida (Estados Unidos) decidiu realizar uma metanálise para examinar o status atual do aleitamento materno em associação ao risco de desenvolver depressão pós-parto por meio de um grande conjunto de dados de mais de 29 mil mulheres.
Os resultados, publicados na revista Public Health Nursing, mostraram que as mulheres que estavam amamentando no momento da coleta de dados apresentaram um risco estatisticamente menor de desenvolver depressão pós-parto do que aquelas que não estavam fazendo o aleitamento materno.
Confira:
Além disso, foi observada uma relação estatística inversa entre a duração da amamentação e o risco de apresentar a condição: à medida que o número de semanas de aleitamento aumentava, a depressão pós-parto diminuía. Em outras palavras, mulheres que amamentaram por períodos mais longos apresentaram menores chances de DPP.
O nascimento de uma criança muda completamente a dinâmica de uma família e, principalmente, a vida dos pais. Essa é uma fase desafiadora, cansativa e, muitas vezes, estressante, o que pode levar a um quadro depressivo.
A depressão pós-parto está diretamente ligada às questões emocionais, mas também pode ser associada a uma série de questões psicológicas, sociais, culturais, além da existência de predisposição genética e história pessoal.
Entre os sintomas que sinalizam o problema estão: tristeza, desânimo, falta de motivação, irritação, sensação de que “não vai dar conta do recado”, não será uma boa mãe, não conseguirá amamentar ou dar uma atenção adequada ao bebê. Tudo isso acaba trazendo um estresse a mais para as mulheres nessa fase da vida.
Os pesquisadores ressaltam ainda que mulheres com DPP que não são tratadas adequadamente também podem ter desfechos negativos, incluindo dificuldade de ligação e cuidado com seus filhos, pensamentos de prejudicar a si mesma ou ao bebê, além de terem um risco aumentado de uso indevido de substâncias.
Ainda de acordo com a equipe, mulheres que sofreram com depressão pós-parto têm um risco 50% maior de sofrer novos episódios em partos subsequentes e 25% maior de desenvolver transtornos depressivos não relacionados ao parto até 11 anos depois.
Além disso, a depressão pós-parto aumenta a morbidade materna e está associada ao aumento das chances de surgimento de doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes tipo 2.
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