Redação Publicado em 02/03/2021, às 15h00
Existe uma crença que diz: se estudantes do ensino médio não estão motivados a irem bem nas aulas, não há nada capaz de alterar essa situação. Entretanto, um novo estudo mostrou que a motivação desses alunos pode mudar e, geralmente, para melhor.
A pesquisa, realizada pela Universidade Estadual de Ohio e publicada no Journal of Educational Psychology, também revelou que o aumento do senso de “pertencimento” dos alunos na escola foi uma das principais formas de elevar essa motivação.
Para os pesquisadores, os resultados apontam para um quadro esperançoso em relação àqueles alunos que iniciam o ensino médio sem muito ânimo e que, como foi analisado, tendem a mudar para perfis mais adaptativos e com melhores características motivacionais ao longo do tempo.
O novo estudo acompanhou mais de 1.600 alunos de 11 escolas públicas de ensino médio em Ohio, Estados Unidos, durante dois anos.
Eles foram classificados em seis perfis diferentes, desde o nível mais baixo, denominado “amotivados” – alunos que não apresentavam motivação em nenhuma área – até o nível mais elevado, os chamados “motivados autônomos”, aqueles com desejo interno de aprender, sem necessidade de qualquer influência externa.
Como constatou a pesquisa, geralmente, os estudantes apresentam diversos tipos de motivação que impulsionam seu comportamento escolar e, diferente do que se imaginava, essa é uma questão muito mais complexa. Por exemplo, alguns alunos podem ser motivados a ter um bom desempenho na escola tanto por ter um amor intrínseco pela aprendizagem, como também movidos pelo desejo de conseguir um bom emprego futuramente.
A motivação foi avaliada questionando os jovens quais das seguintes perguntas mais descreviam cada um deles: “Eu vou à escola porque eu sinto prazer e satisfação em aprender coisas novas” e “Eu vou à escola porque preciso, pelo menos, me formar no ensino médio para encontrar um emprego bem remunerado futuramente”.
Dos seis perfis de motivação, os pesquisadores consideraram dois sendo “mal-adaptativos”, outros dois adaptativos e dois medianos. Na primeira classificação, se enquadram alunos que não tinham motivação alguma para irem à escola ou só iam porque foram forçados. Nesses casos, segundo os pesquisadores, são os estudantes com maior risco de desistir, caso não existam maneiras melhores de deixá-los animados com a escola.
Já os dois perfis mais adaptativos englobavam estudantes que eram motivados inteiramente pelo amor à aprendizagem ou que combinavam esse amor com algumas motivações externas, como o sonho de entrar em uma boa faculdade.
Muitos alunos alteraram seus perfis entre o primeiro e o segundo ano de estudo. Dependendo de qual tipo de perfil eles tinham no começo, mudança variou entre 40% e 77%. Dos estudantes que apresentaram alteração, a maioria avançava para o próximo nível de motivação.
Em geral, houve uma mudança positiva na motivação dos alunos. Por exemplo, 8% deles estavam no perfil mais adaptativo (autônomo) no primeiro ano, e essa porcentagem aumentou para 11,4% no segundo. Já o amotivado, o perfil menos adaptável, caiu de 2,8% para 2,1% no segundo ano.
Segundo os pesquisadores, os perfis motivacionais mais adaptativos tendem a ser os mais estáveis entre os dois anos analisados, ou seja, se existirem melhores maneiras de motivar os alunos e, consequentemente, colocá-los em um perfil de nível mais elevado, há uma maior probabilidade de eles permanecerem nas atividades escolares.
Após analisarem todos os resultados, os pesquisadores se questionaram por qual razão os alunos tendem a se mover em uma direção positiva quando o assunto é motivação. De acordo com a equipe, uma das razões pode ser a maturidade, sem contar aqueles alunos que tiveram médias mais altas no primeiro ano de estudo e apresentaram maior probabilidade de mudar ou permanecer em perfis com níveis mais elevados de motivação.
No entanto, um fator que chamou a atenção dos pesquisadores foi a sensação de pertencimento. Esse sentimento foi avaliado questionando os estudantes sobre o que eles achavam de afirmações como “Eu me sinto parte real desta escola”.
Com os resultados, os alunos que experimentaram a sensação de pertencimento na escola no primeiro ano manifestaram uma tendência maior a mudar ou permanecer em um perfil mais adaptativo no segundo ano.
Para os estudiosos, essa é uma descoberta que pode ajudar no desenvolvimento de estratégias para tornar os alunos mais motivados, já que o pertencimento é algo que as escolas são capazes de promover.
Sabendo disso, as instituições de ensino devem analisar rotineiramente a motivação de seus alunos, como forma de identificar aqueles que apresentam maiores riscos de abandono ou baixo desempenho. Além disso, a pesquisa é um incentivo para essas escolas criarem programas de intervenção e evitar que alunos desistam de atividades acadêmicas.