Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h31 - Atualizado às 23h56
O uso de antidepressivos durante a gravidez não causa problemas comportamentais ou no desenvolvimento das crianças, mas pode aumentar o risco de hemorragia após o parto. As conclusões são de três estudos publicados no International Journal of Obstetrics and Gynaecology.
Um dos trabalhos, conduzido pelo Instituto de Saúde Pública da Noruega, avaliou os efeitos da exposição pré-natal a antidepressivos em crianças de 3 anos. Em um banco de dados com mais de 51 mulheres, 159 mães reportaram o uso prolongado de inibidores da recaptação de serotonina (classe que inclui a sertralina, por exemplo) durante a gravidez. Alguns dos filhos dessas pacientes apresentaram um atraso sutil no desenvolvimento da coordenação motora, mas que não chegou a exigir nenhuma intervenção.
Em outro estudo, pesquisadores australianos avaliaram dados um vasto banco de dados, e descobriram que os filhos de mulheres deprimidas que não receberam tratamento na gestação – um total de 231 – apresentaram propensão maior a problemas comportamentais como hiperatividade, déficit de atenção e problemas de relacionamento aos 7 anos. O risco não foi encontrado nas 210 crianças cujas mães tomaram antidepressivos.
A terceira pesquisa, realizada no Hospital Women’s and Children’s, na Austrália, investigou o risco de hemorragia pós parto, perda de sangue que ocorre 24 horas depois de dar à luz, em 28 mil mulheres com doenças psiquiátricas. O risco foi de 11% entre as não usuárias de antidepressivos, e de 16% nas usuárias desse tipo de medicamento.
Para os pesquisadores, o tratamento da depressão é fundamental na gravidez, e os benefícios dos remédios superam os riscos. Mas é importante que a gestante converse com o médico sobre possíveis consequências.