Redação Publicado em 26/08/2021, às 10h00
A endometriose é uma condição dolorosa e crônica na qual o tecido do útero cresce inadequadamente fora do órgão. Os tratamentos atuais são limitados e incluem cirurgia e terapia hormonal, que podem envolver efeitos colaterais indesejados. Uma nova pesquisa conduzida pela Baylor College of Medicine, a Universidade de Oxford, a Universidade de Wisconsin-Madison e a Bayer AG, oferece uma nova visão sobre como tratar esta doença debilitante.
Os pesquisadores realizaram análises genéticas de humanos e macacos-rhesus para identificar um gene específico, o NPSR1, que aumenta o risco de endometriose. Os resultados revelam um novo alvo potencial de drogas não hormonais que pode levar a uma terapia melhor. Os resultados foram publicados na Science Translational Medicine.
A equipe de Oxford havia encontrado anteriormente uma ligação genética com a endometriose no cromossomo 7p13-15, analisando o DNA de famílias que apresentavam pelo menos três mulheres com diagnóstico de endometriose. A equipe liderada pelo autor sênior Jeffrey Rogers, verificou essa ligação genética no DNA de macacos-rhesus com endometriose espontânea no Wisconsin National Primate Research Center, da University of Wisconsin-Madison.
Essa validação justificou novas pesquisas por meio de análise de sequenciamento em profundidade das famílias de endometriose em Oxford, que estreitou a causa genética para variantes raras no gene NPSR1. A maioria das mulheres com essas variantes raras tinha doença em estágio III/IV. Os pesquisadores sequenciaram macacos-rhesus de forma semelhante e novamente mostraram evidências sugestivas também nessa espécie. Finalmente, um estudo de Oxford com mais de 11.000 mulheres, incluindo pacientes com endometriose e mulheres saudáveis, identificou uma variante comum específica no gene NPSR1 também associada ao estágio III/IV da endometriose.
Este é um dos primeiros exemplos de sequenciamento de DNA em primatas não humanos para validar resultados em estudos humanos, e o primeiro a causar um impacto significativo na compreensão da genética de doenças metabólicas complexas comuns. A pesquisa com primatas realmente ajudou a fornecer confiança em cada etapa da análise genética em humanos e nos motivou a continuar perseguindo esses genes específicos”, disse Rogers, que também é professor associado do Centro de Sequenciamento do Genoma Humano, em Baylor, no Texas.
Os insights revelados nesta análise genética apontam para um potencial novo alvo de droga. Como parte dessa colaboração, pesquisadores da Bayer, em parceria científica com a Universidade de Oxford, usaram um inibidor de NPSR1 para bloquear a sinalização de proteínas desse gene em ensaios celulares e depois em modelos de endometriose em camundongos. Eles descobriram que esse tratamento reduziu a inflamação e a dor abdominal, identificando assim um alvo para pesquisas futuras no tratamento da endometriose.
"Este é um novo desenvolvimento empolgante em nossa busca por novos tratamentos para endometriose, uma doença debilitante e pouco reconhecida, que afeta 190 milhões de mulheres em todo o mundo. Precisamos fazer mais pesquisas sobre o mecanismo de ação e o papel das variantes genéticas na modulação dos efeitos do gene em tecidos específicos. No entanto, temos um novo alvo não hormonal promissor para investigação e desenvolvimento adicionais que parecem abordar diretamente os componentes inflamatórios e dolorosos da doença", afirmaram os pesquisadores.
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