Redação Publicado em 24/02/2021, às 12h12
Desde que a pandemia começou, as chamadas de vídeo têm sido muito utilizadas para reuniões de trabalho e encontros virtuais. No entanto, um estudo publicado no periódico Technology, Mind and Behavior na última terça-feira (23), mostrou o que muita gente já tinha percebido: passar muito tempo em videoconferências pode causar fadiga.
O professor da Universidade de Stanford, Jeremy Bailenson, que conduziu o estudo, listou os quatro fatores que mais trazem cansaço aos usuários dessas plataformas. Veja quais são:
Tanto a quantidade de contato visual que mantemos durante os vídeos quanto o tamanho dos rostos nas telas não são naturais.
Em uma reunião normal, as pessoas costumam olhar para quem fala, tomando notas ou às vezes desviando o olhar. Mas nas ligações do Zoom, Meet ou Teams, todos estão olhando para todos, o tempo todo. Um ouvinte é tratado de forma não verbal como um orador, então mesmo que você não fale uma vez em uma reunião, ainda terá a sensação de que é encarado. Ou seja: a quantidade de contato visual aumenta drasticamente. Bailenson explica que, assim como no mundo não virtual, a fobia de falar em público também existe nas plataformas, e saber que todos estão te olhando o tempo todo aumenta ainda mais o estresse.
Outra fonte de desgaste é que, dependendo do tamanho do seu monitor, os rostos nas chamadas de videoconferência podem parecer grandes demais para o seu conforto. Quando isso acontece na vida real, o cérebro interpreta como uma situação mais intensa, como um contato íntimo ou um conflito. "O que está acontecendo, na verdade, quando você usa o Zoom por muitas, muitas horas, é que você está nesse estado de hiperexcitação", explica Bailenson.
Para melhorar isso, o professor recomenda tirar a opção de tela inteira e reduzir o tamanho da janela do aplicativo em relação ao monitor para minimizar o tamanho do rosto.
A maioria das plataformas de vídeo permite que a pessoa se veja durante um bate-papo, mas isso também não é natural, diz Bailenson. "No mundo real, se alguém estivesse seguindo você com um espelho constantemente - de forma que enquanto você estivesse falando com as pessoas, tomando decisões, dando feedback, recebendo feedback - você estivesse se vendo em um espelho, isso seria loucura”.
Bailenson cita estudos que mostram que quando você vê seu reflexo, acaba ficando mais crítico com si próprio. "É desgastante para nós. É estressante. E muitas pesquisas mostram que há consequências emocionais negativas em se ver no espelho."
Uma solução dada por Bailenson é que os usuários usem o botão "ocultar visão própria", que pode ser acessado clicando com o botão direito do mouse em sua própria foto, assim que virem que seu rosto está devidamente enquadrado no vídeo.
Em uma conversa normal, as pessoas costumam se movimentar, até para dar mais fluidez no discurso. Contudo, na videoconferência, a maioria das câmeras têm um campo de visão definido, o que significa que uma pessoa geralmente precisa ficar no mesmo lugar. O movimento é limitado de maneiras que não são naturais. “Há uma pesquisa crescente agora que diz que quando as pessoas estão se movendo, elas têm um desempenho cognitivo melhor”, disse Bailenson.
Em uma conversa que se dá pessoalmente, a comunicação não-verbal é bastante natural e a grande maioria das pessoas faz e interpreta gestos e pistas não-verbais de forma natural. Mas em chats de vídeo, temos que trabalhar mais para enviar e receber sinais.
Na verdade, fala Bailenson, os humanos pegaram uma coisa simples e fácil e a transformaram em algo que envolve muito pensamento: "Você precisa ter certeza de que sua cabeça está emoldurada no centro do vídeo. Se você quiser mostrar a alguém que está de acordo com a pessoa, faça um aceno exagerado com a cabeça ou levante os polegares. Isso adiciona carga cognitiva, pois você está usando calorias mentais para se comunicar. "