Alvos de cyberbullying eram mais propensos a relatarem pensamentos e tentativas suicidas, mais até que vítimas de bullying
Redação Publicado em 30/06/2022, às 14h00
Jovens adolescentes alvos de cyberbullying são mais propensos a relatar pensamentos e tentativas suicidas, uma associação que vai além da ligação entre o suicídio e o bullying tradicional. Essas são as descobertas de uma nova pesquisa idealizada pela Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos) e publicada no JAMA Network Open.
Segundo os pesquisadores, em um momento em que jovens estão passando mais tempo on-line, o estudo ressalta o impacto negativo que o bullying no espaço virtual pode ter sobre as vítimas, incluindo abrir espaço para outros fatores de risco para o suicídio, como a depressão.
As taxas de suicídio entre crianças têm aumentado constantemente. Segundo o Centros de Controle de Doenças (CDC), o suicídio foi a segunda principal causa de morte entre indivíduos de 10 a 24 anos em 2018.
Apesar dos fatores que contribuem para o suicídio em crianças e adolescentes não serem totalmente compreendidos, pesquisas têm demonstrado que os estressores ambientais desempenham um papel relevante.
Nos tempos modernos, e particularmente desde a pandemia de Covid-19, uma proporção significativa da interação entre jovens – incluindo o bullying –, ocorre on-line, por meio de mensagens de texto ou de mídias sociais.
Para entender melhor essa relação entre o cyberbullying e suicídio no início da adolescência, a equipe analisou dados coletados entre julho de 2018 e janeiro de 2021 do estudo Desenvolvimento Cognitivo do Cérebro Adolescente (ABCD Study), uma amostra diversificada de mais de 10.000 crianças estadunidenses entre 10 e 13 anos.
Os participantes preencheram um questionário de cyberbullying, que perguntou se eles já tinham sido alvos ou autores da prática, definida como "tentativa proposital de prejudicar outra pessoa ou de ser mau para ela on-line, em mensagens privadas, textos em grupo ou em mídias sociais (como Instagram ou Snapchat)."
Confira:
O bullying tradicional foi pesquisado por meio de um questionário separado, que dividiu o comportamento em três categorias: agressão aberta, como ameaçar ou bater; agressão relacional, como não convidar ou deixar alguém de fora; e agressão reputacional, como espalhar boatos ou fofocas.
Para determinar o suicídio, os pesquisadores examinaram se os participantes relataram pensamentos ou atos suicidas passados ou atuais.
Dos 10.414 participantes do estudo, 7,6% responderam que experimentaram pensamentos ou atos suicidas, 8,9% relataram serem alvos de cyberbullying e 0,9% contaram serem autores da prática.
Os autores ainda descobriram que ser alvo de cyberbullying estava associado ao suicídio, enquanto ser um autor do cyberbullying não estava. Essa constatação foi distinta do bullying tradicional, em que tanto ser alvo ou autor estava ligado ao suicídio.
Além disso, os achados mostraram que ser intimidado on-line apenas se sobrepõe em parte ao ser intimidado off-line, apoiando a noção de que o cyberbullying é um fenômeno distinto, independente das experiências off-lines de bullying. Isso pode sugerir que os adolescentes afetados pelo cyberbullying são diferentes daqueles afetados pelo bullying tradicional.
Segundo os pesquisadores, as descobertas sugerem que ser alvo de cyberbullying é um fator de risco independente para o suicídio de jovens, o que mostra a importância de mover esforços para a prevenção do suicídio, realizando intervenções com aqueles que são intimidados on-line.
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