Estudo mostra que o café pode fazer bem para o fígado

Cafeinado ou descafeinado, moído ou instantâneo: todas as versões tiveram efeito

Redação Publicado em 24/06/2021, às 14h00 - Atualizado às 15h00

O maior benefício foi observado entre os pesquisados que consumiam café moído - iStock

Estudo realizado por pesquisadores britânicos, e publicado esta semana na revista BMC Public Health, relata que todos os tipos de café podem reduzir o risco de doença hepática crônica. Não importa se é o cafeinado ou descafeinado, se for moído ou instantâneo, todas essas versões mostraram ser capazes de evitar doenças do fígado, quando ingeridas de três a quatro xícaras por dia.

O estudo adiciona evidências de que o café funciona como um “protetor”, apesar da composição química diferente desses vários tipos. O que não se sabe, até agora, é quais componentes dos grãos podem proteger o fígado. Isso porque se trata de uma substância complexa e os pesquisadores não querem especular demais sobre os diferentes mecanismos. Eles admitem não estar claro se o café pode prevenir danos iniciais ao fígado, ou, em vez disso, a progressão para formas mais graves.

Porém, diante do aumento global das doenças hepáticas, esta se tornou uma área importante para pesquisas. As taxas estão aumentando constantemente e são responsáveis por cerca de 2 milhões de mortes por ano em todo o mundo, de acordo com o Journal of Hepatology.

Para o estudo - que não recebeu financiamento da indústria do café - a equipe usou dados do UK Biobank (banco de dados biomédico em grande escala e recurso de pesquisa, contendo informações genéticas e de saúde detalhadas de participantes do Reino Unido). Foram quase 500 mil pessoas com "consumo conhecido de café", acompanhadas por uma média de 11 anos, sendo que metade delas foi seguida por mais tempo e a outra metade por menos tempo.

Do total, 78% bebiam café moído ou instantâneo com cafeína ou descafeinado e 22% não bebiam café. Durante o período do estudo, 3.600 pessoas desenvolveram doença hepática crônica e 301 morreram. Mais de 5.400 participantes desenvolveram doença hepática crônica ou um acúmulo de gordura no fígado, conhecida como doença hepática gordurosa não alcoólica, e mais de 180 desenvolveram câncer de fígado.

Maior benefício veio da versão moída

Café moído contém altos níveis de compostos químicos naturais

Em comparação com os que não bebiam café, aqueles que consumiam a bebida tinham um risco 21% menor de doença hepática crônica e 20% menor de doença hepática crônica ou gordurosa. O risco de morrer de doença hepática crônica caiu 49%, descobriram os pesquisadores. O maior benefício foi observado entre os que consumiam café moído, que contém altos níveis de kahweol e cafestol, compostos químicos naturais dos grãos de café. Ambos demonstraram proteger contra doenças hepáticas crônicas em animais. No entanto, o café instantâneo, que tem baixos níveis desses compostos, também reduziu o risco de doença hepática crônica, sugerindo que pode haver uma relação complexa entre vários ingredientes do café.

Vários estudos anteriores demonstraram que o café é bom para o fígado, porém, este é o primeiro a mostrar que o efeito foi observado em consumidores de café com cafeína e descafeinado, e que o café moído proporcionou um benefício maior do que o instantâneo. Os autores britânicos observaram que café é algo fácil de encontrar e preparar, e que essas descobertas sugerem que ele pode ser um potencial tratamento preventivo para doenças hepáticas crônicas.

O pesquisador sênior Paul Roderick, professor de saúde pública da Universidade de Southampton, admitiu, porém, que são necessárias mais pesquisas antes de se recomendar ao público que comece a beber café ou aumente a quantidade diária. Ele enfatiza que este estudo não prova que o café previne doenças do fígado, apenas que parece haver uma ligação. E afirma, ainda, que é preciso ter cuidado ao extrapolar os estudos observacionais para dizer que há uma relação de causa e efeito. Outros atributos dos consumidores de café podem estar associados ao risco de doença hepática, e a pesquisa pode não ter levado isso em consideração.

Portanto, nada de exagerar na dose do cafezinho, que nós brasileiros gostamos tanto.

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