Redação Publicado em 10/02/2021, às 16h00
Uso de redes sociais pode explicar aumento do suicídio entre jovens? Muitos especialistas dizem que sim, mas, como o fenômeno é novo, ainda é um desafio determinar essa relação. Um estudo realizado pela Universidade Brigham Young (BYU) ao longo de 10 anos pode oferecer algumas respostas para essa questão.
Segundo a pesquisa, ainda que o uso de redes sociais tenha pouco efeito sobre o risco de suicídio para os meninos, no caso das meninas houve uma variação significativa.
Nas últimas décadas, o tempo gasto por adolescentes nas mídias sociais aumentou e, junto com ele, as taxas de suicídio entre os mais jovens. Atualmente, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre pessoas de 10 a 34 anos.
As adolescentes que usavam mídias sociais por pelo menos duas a três horas por dia no início do estudo - quando tinham cerca de 13 anos - e, logo depois, aumentaram o uso ao decorrer das pesquisas, apresentaram um risco clínico maior para o suicídio ao se tornarem jovens adultas.
Sarah Coyne, professora da BYU e principal autora da publicação, observou que as tendências sociais das meninas provavelmente as tornam mais suscetíveis aos efeitos negativos das redes sociais. "Algo sobre esse padrão específico de uso de mídia social é prejudicial para as meninas jovens”, comentou.
O estudo da BYU foi publicado no Journal of Youth and Adolescence e traz muita informação sobre o uso de redes sociais e suicídio. Através de pesquisas anuais, de 2009 a 2019, os pesquisadores acompanharam os padrões de uso da mídia e a saúde mental de 500 adolescentes.
De acordo com Coyne, as pesquisas mostram que, em geral, meninas e mulheres são muito sintonizadas e mais sensíveis aos estressores interpessoais, e as mídias sociais são todas baseadas em relacionamentos.
Aos 13 anos, por exemplo, uma menina ainda está aprendendo a lidar com o lado negativo das redes sociais, como com o FOMO (fear of missing out), caracterizado pela necessidade de estar sempre atualizada e pelo medo de perder algum acontecimento, as comparações constantes e o cyberbullying (bullying praticado nos ambientes digitais). Ou seja: essas adolescentes provavelmente não estão prontas para passar três horas por dia nas redes.
Apesar de aos 13 anos ainda faltar preparo para as meninas lidarem com as questões presentes nas redes sociais, Coyne não recomenda que os pais retirem as filhas desses ambientes. Isso porque essa decisão pode acabar deixando-as mal preparadas para gerenciar seu uso de mídia quando forem adultas.
“Treze não é uma idade ruim para começar nas mídias sociais. Porém, deve ser iniciado em um nível muito baixo e adequadamente gerenciado”, pontuou.
A pesquisadora sugere que os pais limitem o tempo de mídia social de jovens a cerca de 20 minutos por dia, mantenham o acesso às suas contas e conversem com eles frequentemente sobre o que estão vendo no ambiente digital. Com o tempo, a tendência é os adolescentes aumentarem gradualmente o uso e sua autonomia nas redes.
“O objetivo é ensiná-los a serem usuários saudáveis, usufruir de uma forma que os ajude a se sentir bem consigo mesmos e se conectar com as outras pessoas, que é o verdadeiro propósito das redes sociais. Os pais precisam orientar os filhos para que eles possam lidar melhor com coisas pesadas que podem aparecer durante o uso dessas mídias”, explicou Coyne.
Coyne acredita que os jovens adultos com bons hábitos nas mídias sociais podem fazer a diferença. Como uma de suas pesquisas anteriores mostrou, as redes podem oferecer uma experiência positiva para adolescentes e pessoas de qualquer idade, basta saber utilizá-la bem.
Entre as práticas positivas de uso das redes sociais estão fazer o login com um propósito, participar ativamente ao invés de adotar uma postura passiva e apenas ficar deslizando a tela, além de não seguir pessoas que têm uma influência negativa.
“Eu adoraria que todos estivessem atentos sobre as maneiras como estão usando as redes sociais e como isso está afetando sua saúde mental, evitando adotar hábitos prejudiciais. Acho que isso pode ter um impacto significativo em nossa comunidade”, finalizou Coyne.
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