Rotina de sono também interfere no peso das crianças, diz estudo

Impor um horário de dormir também pode ser mais difícil para famílias de baixa renda

Redação Publicado em 22/02/2021, às 18h00

O contexto familiar também pode ser associado aos problemas de sono na primeira infância - iStock

Estabelecer uma rotina de sono consistente para a criança é possivelmente um dos aspectos mais desafiadores no processo de criação dos pequenos, mas também pode ser um dos mais importantes. 

Descobertas de pesquisadores da Universidade de Delaware, nos EUA, publicadas no Annals of Behavioral Medicine, sugerem que crianças com horários de sono irregulares apresentam maiores índices de massa corporal (IMC) - medida que relaciona peso e altura para avaliar se a pessoa está dentro, acima ou abaixo do peso considerado ideal.   

Segundo os pesquisadores, não é novidade que a atividade física e uma dieta balanceada são fortes influenciadores quando o assunto é peso e IMC. Além disso, níveis mais altos de pobreza também tem sido associados ao IMC elevado. Até hoje, essa última relação era explicada pela dificuldade em se gastar com refeições mais saudáveis e atividade física. Entretanto, é possível que o sono também desempenhe um papel importante nesse aspecto, algo que não costuma ser valorizado. 

O estudo 

Para alcançar os resultados, foram analisados dados de uma pesquisa de prevenção da obesidade para mães e filhos que vivem em Baltimore. Todas as famílias participantes estavam no Programa Especial de Nutrição Suplementar para Mulheres, Bebês e Crianças (ID) e 70% viviam na linha de pobreza ou abaixo da linha de pobreza

Como parte da pesquisa, 207 crianças utilizaram dispositivos que mediam o sono e atividade física. As mães, por sua vez, eram responsáveis por completar um diário alimentar que foi comparado com base nas recomendações das Diretrizes Alimentares para os Americanos. 

Pobreza X IMC

Um dos objetivos dos pesquisadores era analisar a relação entre pobreza e IMC, observando se a consistência dos horários em que as crianças iam para cama, o nível de atividade física e a qualidade da dieta poderiam explicar essa associação. 

Ao final da análise, a equipe descobriu que crianças de famílias mais pobres têm horários de sono mais inconsistentes, ou seja, elas não têm uma rotina ou hora definida para irem dormir, e apresentaram percentuais de IMC mais elevados. 

De acordo com os pesquisadores, impor uma rotina de sono é uma tarefa extremamente difícil para as famílias que vivem na pobreza, em especial se o cuidador é um pai ou mãe solteiro(a) que precisa se desdobrar entre vários empregos, tem muitos filhos ou sofre com moradia precária. 

Existem, ainda, outros estudos dedicados a analisar as semelhanças entre o sono das crianças e de seus cuidadores. Alguns deles já concluíram que existe uma influência do contexto familiar na saúde dos pequenos, ou seja, a presença de problemas domésticos ou conjugais está diretamente associada a problemas de sono na primeira infância. 

E na pandemia?

Se definir uma rotina de sono para as crianças já é um desafio em tempos normais, o problema tornou-se ainda maior com a  pandemia. Apesar das dificuldades, criar hábitos noturnos regulares pode ser uma maneira de fazer a diferença na saúde de uma criança, mesmo com todo o contexto caótico em que ela está inserida no momento. 

Segundo os pesquisadores, implementar uma rotina de sono pode ser mais fácil do que manter uma dieta balanceada e saudável e incentivar a prática de atividade física fora de casa, por isso o esforço vale a pena. 

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