Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h17 - Atualizado às 23h57
Pesquisadores norte-americanos acreditam que é possível criar um exame de sangue para ajudar a prevenir suicídios. A hipótese é baseada na descoberta de uma alteração química em um gene ligado ao estresse, que, segundo os cientistas, torna algumas pessoas mais propensas a tentar acabar com a própria vida.
Os resultados desse trabalho, conduzido por uma equipe da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, foram publicados esta semana no American Journal of Psychiatry.
A pesquisa foi focada em uma mutação no gene SKA2. Os pesquisadores analisaram amostras de cérebros de pessoas mortas por diferentes causas, e descobriram que aqueles que haviam se suicidado apresentavam alterações significativas nesse gene.
A equipe, então, testou três diferentes amostras de sangue, sendo que a maior delas envolvia 325 pessoas. Eles encontraram alterações semelhantes no SKA2 dos participantes que haviam reportado pensamentos suicidas ou tentativas de acabar com a própria vida.
Segundo o líder do estudo, o professor de psiquiatria Zachary Kaminsky, essas alterações desempenham um papel importante na resposta do cérebro aos hormônios do estresse, funcionando como uma espécie de estímulo a tendências suicidas.
Isso porque o SKA2 é expresso no córtex pré-frontal, que desempenha um papel na inibição de pensamentos negativos e comportamentos impulsivos. Além disso, esse gene é responsável por orientar os receptores de hormônios do estresse nos núcleos das células. Quando há modificações nele, os receptores tornam-se incapazes de interromper a liberação de cortisol no cérebro.
Segundo o pesquisador, o modelo produzido a partir da descoberta prediz o risco de suicídio com uma precisão de 80%. Para aqueles com risco mais grave de suicídio, o modelo teve uma precisão de 90%.
De acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o suicídio foi a décima principal causa de morte nos EUA entre indivíduos com dez anos de idade ou mais em 2009, o que resultou em um total de 36.891 mortes. Outros levantamentos também mostram que o suicídio é a terceira principal causa de morte entre jovens.
Embora ainda sejam necessários mais estudos para confirmar a hipótese, a descoberta é útil porque ainda não existe uma forma consistente de se prevenir o suicídio. Um teste ajudaria os médicos a identificar os tratamentos mais adequados para cada paciente.