Resultados reforçam visão do exercício físico como um tratamento eficaz que pode ser praticado com frequência
Redação Publicado em 11/11/2021, às 10h00
Pesquisadores da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, divulgaram no Journal of Affective Disorders os resultados de um estudo mostrando que exercícios físicos, moderados ou vigorosos, aliviam os sintomas de ansiedade. A pesquisa contou com 286 pacientes, recrutados em serviços de atenção primária na própria cidade e na parte norte do condado de Halland, com transtorno de ansiedade.
Metade dos pacientes convivia com ansiedade havia pelo menos dez anos, a idade média dos participantes era de 39 anos e 70% eram mulheres. Essas pessoas foram encaminhadas a sessões de exercícios em grupo, moderados ou extenuantes, por 12 semanas. Os resultados mostraram que os sintomas de ansiedade foram significativamente aliviados, mesmo quando era uma condição crônica, em comparação ao grupo de controle, que recebeu aconselhamento sobre atividade física de acordo com as recomendações de saúde pública.
A maioria dos participantes passou de um nível básico de ansiedade moderada a alta para um nível de ansiedade baixo após o programa. Para os que se exercitaram em intensidade relativamente baixa, a chance de melhora em termos de sintomas de ansiedade aumentou por um fator de 3,62. O fator correspondente para quem se exercitou em maior intensidade foi 4,88.
Os participantes não tinham conhecimento do treinamento físico ou aconselhamento que as pessoas de fora do seu próprio grupo estavam recebendo. Segundo os pesquisadores, houve uma tendência significativa de intensidade de melhora: quanto mais intensamente eles se exercitavam, mais os sintomas de ansiedade melhoravam.
Estudos anteriores sobre exercícios físicos na depressão mostraram melhorias claras nos sintomas. No entanto, até agora, não havia uma imagem clara de como as pessoas com ansiedade são afetadas pelos exercícios. Esse estudo realizado pelos suecos é descrito como um dos maiores até o momento.
Ambos os grupos de tratamento tiveram sessões de treinamento de 60 minutos três vezes por semana, sob a orientação de um fisioterapeuta. As sessões incluíram treinamento cardiovascular (aeróbico) e de força. Um aquecimento foi seguido por um treinamento circular em torno de 12 estações por 45 minutos, e as sessões terminaram com resfriamento e alongamento.
Os membros do grupo que se exercitavam em um nível moderado deveriam atingir cerca de 60% de sua frequência cardíaca máxima – um grau de esforço classificado como leve a moderado. No grupo que treinou mais intensamente, a meta era atingir 75% da frequência cardíaca máxima, e esse grau de esforço foi percebido como alto.
Os níveis foram regularmente validados usando a escala de Borg, uma tabela de classificação estabelecida para o esforço físico percebido, e confirmada com monitores de frequência cardíaca.
Confira:
Os tratamentos padrões de hoje para a ansiedade são a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e drogas psicotrópicas. No entanto, esses medicamentos geralmente têm efeitos colaterais, e nem sempre os pacientes com transtornos de ansiedade respondem bem a eles. Longos tempos de espera requeridos pela TCC também podem piorar o prognóstico.
O estudo foi conduzido por Maria Åberg, professora da Universidade de Gotemburgo, e sua equipe. Ela enfatiza que os médicos de atenção básica precisam oferecer tratamentos individualizados, com poucos efeitos colaterais e fáceis de prescrever. Para ela, o modelo envolvendo 12 semanas de treinamento físico, independente da intensidade, representa um tratamento eficaz, que deve ser disponibilizado na atenção básica com mais frequência para pessoas com problemas de ansiedade.
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