Variante genética pode explicar por que certas pessoas caem fácil na gargalhada, enquanto outras mal esboçam um sorriso
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h28 - Atualizado às 23h56
Por que algumas pessoas caem facilmente na gargalhada, enquanto outras mal conseguem esboçar um sorriso diante de uma comédia? A resposta para isso parece estar nos genes, segundo uma pesquisa.
O trabalho, feito por uma equipe das universidades de Northwestern e de Berkeley, nos EUA, e também de Genebra, na Suíça, foi publicado no periódico Emotion, da Associação Americana de Psicologia.
Segundo os pesquisadores, pessoas com uma determinada variante genética – alelos curtos no gene 5-HTTLPR – tendem a ter mais expressões emocionais positivas, como rir e sorrir, quando comparadas àquelas com alelos longos. (Para quem não se lembra das aulas de genética: cada um dos nossos genes tem dois alelos – um herdado da mãe e outro do pai.)
Outras pesquisas já tinham ligado esse gene a emoções negativas. Agora, surge uma evidência forte de que ele também tem relação com emoções positivas. O gene também está envolvido na regulação de serotonina, neurotransmissor que costuma estar associado a depressão e ansiedade.
Os pesquisadores dizem que ter o alelo curto não é exatamente bom ou ruim, apenas significa que a pessoa pode ter reações emocionais amplificadas – tanto negativas quanto positivas. Ou seja: quem tem essa característica também costuma ser mais sensível aos picos emocionais da vida.
O artigo esclarece que os genes nunca têm a palavra final, ou melhor, há sempre uma interação com a natureza que molda uma pessoa. Mas a tendência é que, por ter esse alelo curto, a pessoa sofra mais em ambientes negativos.
Em dois experimentos, voluntários foram convidados a assistir a filmes e desenhos animados considerados engraçados. Já em um terceiro, casais de meia-idade foram estimulados a discutir uma área crítica do casamento.
Todos foram filmados nas três situações e, segundo os pesquisadores, foram considerados como expressões positivas apenas os sorrisos genuínos, e não aqueles que as pessoas dão só por educação. Na análise final, havia 336 participantes, dos quais foram coletados amostras de saliva para análise do gene 5-HTTLPR.
Os dados dos três experimentos combinados indicaram que as pessoas com o alelo curto desse gene apresentaram mais expressões emocionais positivas, ou seja, mais risadas e sorrisos genuínos.
Você ficou curioso para saber como os pesquisadores distinguiam os sorrisos sinceros dos “sociais”? Segundo eles, os primeiros produzem mais rugas, os famosos “pés de galinha”. Fica a dica para você descobrir se você sabe mesmo contar uma boa piada…