Apesar de ter um impacto parecido com o das drogas no desempenho acadêmico, a falta de sono ainda não é um tema comum em campanhas
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h14 - Atualizado às 23h57
Pesquisadores descobriram que os efeitos da falta de sono no desempenho acadêmico são quase tão nocivos quanto o consumo excessivo de álcool e maconha. A conclusão foi publicada em um suplemento da revista científica Sleep, e apresentada em um congresso nesta terça-feira (3).
As autoras do estudo, da Universidade de St. Thomas, em Minnesota, nos EUA, afirmam que boas noites de descanso fazem bem à saúde física e psicológica dos jovens. No entanto, elas revelam que 60% deles não dormem o suficiente.
Para chegar à conclusão, elas analisaram dados de 43 mil estudantes norte-americanos. Após o controle de certos fatores, como depressão ou problemas crônicos de saúde, ficou claro que o sono de má qualidade foi um forte desencadeador de problemas na faculdade, como ter notas ruins ou bombar em certas disciplinas. O impacto negativo foi praticamente o mesmo que o registrado entre jovens que abusam de álcool e maconha.
O estudo mostrou que o sono de má qualidade afeta especialmente os calouros. Uma das hipóteses para isso é que eles são mais propensos a sofrer da síndrome do atraso da fase de sono, um problema comum entre os adolescentes que torna mais difícil para eles dormir e acordar cedo.
O impacto da tecnologia e, por consequência, da falta de sono no desempenho de alunos já é tema de debate há algum tempo. Um estudo da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos, já mostrou que, para cada hora de televisão a que as crianças assistem por dia, sete minutos de sono são perdidos.
Apesar de ter um impacto parecido com o das drogas no desempenho acadêmico, a falta de sono ainda não é um tema comum em projetos e campanhas voltados para esse público. Nem mesmo os pais e os médicos costumam dar muita bola para o assunto. Será que não está na hora de levar o sono mais a sério?