Perturbações crônicas no sono durante a adolescência podem deflagrar quadros depressivos em ambos os sexos, além de aumentar a reatividade das mulheres ao
Da Redação Publicado em 08/12/2020, às 21h02 - Atualizado às 21h34
Perturbações crônicas no sono durante a adolescência podem deflagrar quadros depressivos em ambos os sexos, além de aumentar a reatividade das mulheres ao estresse. É o que revela um estudo em animais realizado na Universidade de Ottawa, no Canadá, e publicado no periódico Behavioral Brain Research.
As descobertas são relevantes no contexto da atual pandemia, já que diversos estudos têm mostrado que a saúde mental dos adolescentes foi bastante abalada este ano.
Mais de 264 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão, conforme pontuam os autores do estudo. O transtorno de humor afeta a qualidade de vida e envolve vários sintomas, como mal-estar geral, diminuição da libido e tendências suicidas, em casos mais graves. Problemas como insônia podem ser tanto um sinal, quanto um gatilho para a depressão.
O diagnóstico de depressão é duas vezes mais frequente entre as mulheres, de um modo geral. Uma teoria popular sugere que o quadro se origina em adolescentes superexpostos ao estresse, e que as diferenças entre as taxas do transtorno entre os sexos seriam atribuídas a uma vulnerabilidade maior das mulheres ao estresse crônico.
Dormir mal é algo frequente na vida dos adolescentes. Eles tendem a querer dormir mais tarde, mas têm que acordar cedo para ir ao colégio, o que resulta numa privação crônica de sono. Com o passar do tempo, isso pode aumentar a suscetibilidade das garotas à depressão.
O experimento contou com 80 ratos adolescentes e adultos (40 machos e 40 fêmeas). Eles tiveram o descanso interrompido durante as primeiras quatro horas de cada ciclo de sono, ao longo de oito dias seguidos. Depois, todos foram expostos a um estressor.
Os resultados mostraram que ratos adolescentes de ambos os sexos apresentaram depressão depois de apenas sete dias de atraso no sono, enquanto os adultos não apresentaram sintomas em condições semelhantes.
Quando expostos a um novo estressor após sete dias de interrumpções no sono, apenas os adolescentes apresentaram aumento da atividade no córtex pré-límbico do cérebro. Essa região está associada a estratégias de enfrentamento do estresse, e pode ser danificada por uma superativação após períodos de privação de sono.
As adolescentes do sexo feminino ainda apresentaram maior liberação de hormônio do estresse e maior ativação de células cerebrais sensíveis ao estresse, quando comparadas aos adolescentes do sexo masculino.
As descobertas sugerem que os problemas de sono durante a adolescência podem aumentar o risco de depressão. Além disso, podem deixar as jovens mais sensíveis a outros estressores, o que também aumenta a suscetibilidade a transtornos de humor.
As exigências impostas pela Covid-19, como o ensino remoto, interações sociais limitadas e mais tempo em frente às telas, alteraram bastante a qualidade de sono dos jovens. Isso signifca que eles podem estar mais vulneráveis do que nunca a transtornos como depressão e ansiedade. É preciso ficar atento e buscar ajuda se necessário.
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