Usada contra depressão, a erva-de-são-joão pode reduzir a eficácia da pílula, de anticoagulantes e de remédios para pressão, entre outros
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h15 - Atualizado às 23h57
Segundo pesquisadores do Wake Forest Baptist Medical Center, nos EUA, o suplemento reduz a concentração de diversos medicamentos no organismo, incluindo anticoncepcionais, anticoagulantes, remédios para pressão e até quimioterápicos. Como consequência, o tratamento pode perder eficácia ou até mesmo falhar.
É comum as pessoas usarem chás e fitoterápicos por conta própria e não contarem para o médico. Elas acham que, por ser natural, “mal não faz”. Nos EUA, a erva-de-são-joão é um dos tratamentos alternativos ou complementares mais populares entre pessoas com depressão. Aqui no Brasil, o cenário não deve ser muito diferente.
O estudo, publicado na edição online do The Journal of Alternative and Complementary Medicine, contou com dados de uma pesquisa ambulatorial feita de 1993 a 2010. Os pesquisadores identificaram interações perigosas em 28% dos casos em que o uso do fitoterápico foi relatado.
Uma das reações mais graves que podem ser causadas pelo uso da erva é a chamada síndrome serotoninérgica, caracterizada pelo excesso de serotonina no corpo, uma condição que pode ser fatal. O estudo também alerta para doenças cardíacas provocadas pela falta de eficácia de remédios para baixar a pressão, assim como casos de gravidez indesejada pelo efeito diminuído da pílula.
A principal autora do estudo, a médica Sarah Taylor, alerta que o trabalho é limitado porque analisa apenas casos em que os pacientes relataram o uso da erva. Ou seja: o problema deve ser bem mais comum do que se imagina.
O estudo conclui que é preciso incluir alertas nos rótulos do fitoterápico, processo que está em andamento em países como o Japão e o Reino Unido. Além disso, os médicos devem perguntar sempre aos pacientes se eles estão usando chás ou suplementos, principalmente antes de prescreverem remédios que interagem com a erva.