Milena Alvarez Publicado em 08/02/2021, às 16h00
Mudar o trabalho, a rota de condução, atividades sociais e de lazer para evitar algo que provoque uma sensação de pavor. Essa é a rotina, sempre alterada, de quem sofre de fobias, um medo persistente, excessivo e irreal de algum objeto, pessoa, animal, atividade ou situação. Classificadas como tipos de transtorno de ansiedade, elas são capazes de interferir muito na qualidade de vida e até ditar o dia a dia de uma pessoa.
O termo “fobia” é derivado do grego “phóbos”, que significa medo. Muitas vezes, as palavras “fobia” e “medo” são utilizadas como sinônimos, entretanto é fundamental saber diferenciá-las.
“Temos medo de situações, mas a fobia é um medo desproporcional. A pessoa com fobia fica apavorada, perde o controle e paralisa. Aquilo acaba com o dia dela, é algo que ela não consegue enfrentar”, explica o médico e psiquiatra Kalil Duailibi, professor da Universidade Santo Amaro (Unisa) e presidente do Departamento de Psiquiatria da Associação Paulista de Medicina (APM).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país mais com maior número de ansiosos do mundo. Ao menos 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) sofrem com algum tipo de transtorno de ansiedade, e as fobias estão inclusas nessa estatística. Além disso, segundo os Institutos Nacionais de Saúde, nos EUA, 20% da população mundial convive com essa condição.
Existem incontáveis tipos de fobias específicas. Entre as mais comuns estão:
Também há outras curiosas e menos frequentes, como:
Além das fobias específicas, que são mais recorrentes e são deflagradas por situações ou objetos, existe, ainda:
a fobia social (ou ansiedade social), que ocorre quando uma pessoa está diante de outras, numa festa ou outra situação social;
e a agorafobia, caracterizada por um medo de ficar sozinho em lugares públicos ou desconhecidos, em que a pessoa sente não ter controle sobre a situação ou não ter escapatória.
Por ser algo irracional, não é necessário um trauma para desencadear a fobia. Acredita-se que entre os fatores de risco estão o histórico familiar e o gênero, sendo mais frequente em mulheres.
As fobias costumam começar na infância, mas o agravamento ocorre na adolescência. “É a fase em que se adquire maior independência, então as fobias pioram a partir do momento em que você se expõe mais”, pontua Kalil.
Ter a consciência de que é uma condição tratável e buscar ajuda é muito importante para alcançar a melhoria da qualidade de vida. O tratamento costuma envolver psicoterapia, e as que costumam trazer melhores resultados, segundo a literatura médica, são a terapia cognitivo-comportamental (que ajuda a pessoa a identificar o que deflagra suas emoções e modificar comportamentos), e a terapia de exposição (a pessoa é exposta de maneira muito gradual àquilo que lhe desperta medo, sempre com a participação do terapeuta).
Dependendo do caso, podem ser prescritos medicamentos de uso regular para controle da ansiedade, como antidepressivos, ou pontual, ou seja, apenas para situações de maior estresse, como sedativos ou drogas que evitam o aumento da pressão e a taquicardia (coração acelerado).
Segundo o psiquiatra, o primeiro passo para ajudar uma pessoa com fobia é não ridicularizar “A pessoa sofre e muito com isso. Ela sabe que é absurdo, mas não consegue controlar, é irracional. Então, ela precisa da compreensão do próximo. Se gostamos e nos importamos com a pessoa, devemos orientá-la a buscar um tratamento”.
Veja também: