Mulheres tendem a ter expectativa de vida mais longa, mas são mais propensas a certas doenças
Redação Publicado em 01/08/2022, às 12h00
Recentemente, pesquisadores revisaram estudos investigando o efeito da dieta em diferentes doenças que, com frequência, afetam as mulheres. Eles descobriram que a ingestão de carotenoides com cores vivas pode ser muito importante para prevenir a perda visual e cognitiva, entre outras condições.
Se os resultados forem confirmados, antioxidantes e elementos anti-inflamatórios na dieta podem ser uma maneira benigna de reduzir o estresse oxidativo e inflamatório e, assim, melhorar a saúde delas. A revisão foi publicada na Nutritional Neuroscience.
Embora as mulheres tendam a ter uma expectativa de vida mais longa do que os homens, elas também são mais propensas a uma série de problemas de saúde. Da mesma forma, enquanto as mulheres tendem a ter um sistema imunológico mais robusto do que os homens, elas são afetadas por cerca de 80% de condições autoimunes.
Muitas doenças neurodegenerativas, como doença de Alzheimer e degeneração macular relacionada à idade (um problema grave de visão), também são mais comuns em mulheres do que em homens. Algumas pesquisas sugerem que essas diferenças podem surgir de diferentes níveis de exposição ao estresse oxidativo, tanto por fatores ligados ao estilo de vida quanto de fatores internos, como questões hormonais.
A revisão baseia-se em décadas de trabalhos anteriores mostrando conclusivamente que uma dieta rica em frutas e vegetais – muitos dos quais ricos em carotenoides, responsáveis por algumas das cores vivas de frutas e vegetais – está associada a um envelhecimento saudável e longevidade, e um menor risco de doença crônica. As razões pelas quais isso acontece são provavelmente multifatoriais, mas é possível que isso tenha a ver com a atividade antioxidante e anti-inflamatória desses nutrientes.
Na revisão, os pesquisadores notaram que a baixa densidade mineral óssea, que favorece quadros de osteopenia e osteoporose, pode ser detectada em mulheres na faixa dos 30 anos e se acelera após a menopausa. Estudos mostraram que alguns carotenoides podem retardar essa perda óssea. Entre eles, destaca-se o licopeno - encontrado em tomates, bem como o betacaroteno, a luteína (L) e a zeaxantina (Z), encontrados em folhas verdes e ovos.
Os pesquisadores também notaram que níveis mais altos de luteína e zeaxantina estão ligados a menor incidência e prevalência de catarata e degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Pesquisas anteriores sugerem que os carotenoides inibem a deposição de beta-amiloide cerebral e retardam a formação de fibrilas, ambas associadas à demência.
Eles observaram, ainda, que a luteína e a zeaxantina aumentam a eficiência celular e melhoram a função cognitiva em crianças, adultos jovens, idosos e pessoas com deficiência cognitiva. Outras pesquisas mostram que são cruciais para o desenvolvimento infantil. Um estudo descobriu que mulheres no quartil (valores que dividem uma amostra de dados em quatro partes iguais) mais alto de ingestão de luteína e zeaxantina tinham filhos com risco 38% menor de visão deficiente quando avaliada três anos depois.
Os pesquisadores acrescentaram que outros estudos demonstram que altos níveis de carotenoides séricos também foram associados a um risco reduzido de: câncer de ovário e de mama, sarcopenia, enrugamento da pele, doença inflamatória intestinal e esclerose múltipla.
Quando questionado sobre como os carotenoides pigmentados, como luteína e zeaxantina, podem melhorar a saúde, o professor Billy Hammond, da Faculdade de Ciências do Comportamento e do Cérebro da Universidade da Geórgia, um dos autores do estudo, disse ao Medical News Today:
O velho ditado de que você é o que você come é literalmente verdade. O que você come influencia a composição do seu cérebro e as substâncias químicas chamadas neurotransmissores e hormônios que estão envolvidos em sua função.”
Ele explicou que o cérebro é composto por cerca de 60% de gordura, o que o torna especialmente vulnerável ao estresse oxidativo. Para neutralizar qualquer dano potencial, nossos cérebros normalmente incorporam antioxidantes lipossolúveis de alimentos como ovos e folhas verdes para proteger o cérebro. Os problemas surgem à medida que as dietas modernas tendem a conter menos desses antioxidantes do que o necessário.
Embora os carotenoides consumidos pelos alimentos possam melhorar os resultados de saúde, pesquisa sugere que versões suplementares desses nutrientes podem não produzir o mesmo efeito. Isso ocorre porque os nutrientes individuais podem não afetar o corpo da mesma maneira que quando consumidos como parte de uma fruta ou vegetal.
Para especialistas que não estiveram envolvidos no estudo, tomar suplementos de vitamina E ou betacaroteno não previne ou retarda o aparecimento da degeneração macular relacionada à idade. O mesmo provavelmente se aplica à vitamina C e a multivitamínicos, como encontrado em um ensaio clínico. Não há evidências sobre outros suplementos antioxidantes, como luteína e zeaxantina. Os suplementos vitamínicos também podem ter efeitos nocivos, e são necessárias evidências claras de benefício antes que possam ser recomendados.
Os pesquisadores concluíram que, dada a alta probabilidade de ajudar e a baixa probabilidade de danos, as abordagens direcionadas à ingestão de luteína e zeaxantina em mulheres podem ser benéficas. Quando questionado sobre as limitações do estudo, Amy Keller observou que trabalhos futuros devem elucidar os mecanismos subjacentes aos resultados clínicos mencionados nesta revisão.
Já Hammond acrescentou que é muito desafiador relacionar um único insumo, como a vitamina E, a um ponto final complexo que se desenvolve ao longo de toda a vida. Ele comentou: “A maioria das doenças degenerativas, como a demência, são tão complexas quanto o próprio envelhecimento e envolvem muitas exposições que só importam um pouco em um determinado momento, mas muito quando agregadas ao longo de 50 anos. Imagine, por exemplo, que um determinado componente dietético diminua seu risco em um por cento ao ano. Pode parecer pequeno, no entanto um por cento ao ano, durante 70 anos, significa uma redução no risco de cerca de 30%, o que é enorme.
Alguns especialistas observaram, no entanto, que os autores do estudo não conduziram pesquisas originais, o que significa que a síntese e resumo das evidências podem ser suscetíveis a vieses.
Quando perguntado sobre quais outros nutrientes podem ter um efeito protetor na saúde das mulheres, Amy disse que, além dos carotenoides, os flavonoides também são responsáveis pelas cores das frutas e vegetais. “Nossa equipe estuda o potencial de um flavonoide, epicatequina, encontrado em alimentos comumente consumidos, como chocolate e chá. Este composto melhorou a saúde dos vasos sanguíneos em nossos estudos. À medida que as mulheres perdem a proteção contra o risco cardiovascular após a menopausa, apoiar sua saúde vascular por meio de nutrientes com bioatividade direcionada pode melhorar a saúde delas no envelhecimento”.
Hammond acrescentou que fatores gerais de estilo de vida, como fazer mais exercícios e manter uma dieta saudável, também são fundamentais para melhorar a saúde:
“É comum pensar em componentes únicos de drogas dietéticas ou 'uma pílula para cada doença'. Embora a suplementação às vezes seja uma boa estratégia, otimizar a dieta é sua melhor abordagem inicial.”
Fonte: MedicalNewsToday
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