O comportamento alimentar é a relação das práticas alimentares, associadas ao ambiente familiar e questões socioculturais. Essas relações podem ter como resultado as preocupações exageradas com o peso, o formato e a insatisfação com o corpo. A idealização do corpo magro como referência estética é um fenômeno crescente no mundo.
Os meios de comunicação e as redes sociais também têm importante papel de influência na vida das pessoas, impondo padrões de beleza, culto à magreza, comportamentos, hábitos alimentares e dietas da moda, que têm grande destaque atual por estarem relacionadas com o aumento nos casos de compulsão alimentar e transtornos alimentares.
As dietas da moda que incentivam o controle de peso fazem muito sucesso porque prometem resultados rápidos. Essas dietas restritivas podem provocar sérios desequilíbrios no organismo, que vão desde os hormônios responsáveis pela regulação do balanço energético, associados a desordens emocionais e descontrole na ingestão alimentar. Se esses sintomas forem intensos e frequentes, aumenta o risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares tipo bulimia, anorexia e compulsão alimentar periódica, relacionados às práticas restritivas de alimentos autoimpostas por preocupações exageradas com o peso corporal.
Além disso, as dietas da moda, que prometem resultados milagrosos em pouco tempo, são descritas como dietas restritivas, porque exigem a restrição parcial ou total de grupos de alimentos intencionalmente, como a dieta low carb, dieta paleolítica, livre de glúten e lactose, jejum intermitente, entre outras realizadas na maioria das vezes sem orientações e acompanhamento médico.
A alta prevalência dessas dietas oferecidas por sites não científicos e redes sociais, como um caminho rápido para obtenção de resultados desejados, principalmente por mulheres influenciáveis e menos informadas, é acompanhada de crescentes evidências de que as dietas não são efetivas para a perda de peso sustentado e estão cada vez mais associadas a malefícios à saúde.
Entre as principais consequências indesejáveis das dietas restritivas estão os distúrbios físicos, emocionais e cognitivos como: fraqueza, estresse, alterações nos níveis de cortisol e no metabolismo dos açúcares, hipertensão, desnutrição, ansiedade, irritabilidade, insônia, obsessão por comida, aumento da fome, diminuição da saciedade, sentimentos de angústia e culpa, depressão e perda de controle na ingestão alimentar. Tudo isso pois o cérebro ativa os mecanismos de autodefesa para o organismo buscar os nutrientes que precisa para sua sobrevivência e, após um período de restrição, há a necessidade de compensação por todo o estresse sofrido, pelo aumento no consumo alimentar.
Dietas restritivas geralmente concursam com hábitos que não são sustentáveis a longo prazo, não respeitam critérios individuais e são adotadas sem respaldo científico; deste modo aumentam o risco de desenvolvimento de intolerâncias alimentares que antes não existiam, transtornos alimentares e metabólicos.
Confira:
Por isso, a reeducação alimentar é um passo importante para perda de peso, que leva os indivíduos a mudarem hábitos e mantê-los ao longo da vida, baseadas na individualidade bioquímica, cultural e emocional de cada um.
O grande problema da prática de tais dietas é a falta de orientação médica, porque cada organismo tem suas peculiaridades e as dietas precisam ser individualizadas para atender as necessidades de cada um. Os problemas de sobrepeso e obesidades são fatores preocupantes e os principais motivos que levam a busca pelo controle de peso e mudanças no estilo de vida de muitas pessoas.
Portanto, observa-se a importância de uma alimentação equilibrada e sensorialmente adequada segundo a necessidade de cada indivíduo, por isso a dieta é individualizada e deve ser levado em conta fatores fisiológicos, preferências e hábitos alimentares, condições socioeconômicas e idade.
Em virtude desses aspectos é importante destacar a necessidade de uma avaliação médica antes da adoção de dietas para a perda de peso, principalmente as que prometem resultados milagrosos, porque os riscos de consequências indesejáveis e malefícios à saúde física e emocional são muito altos.
Dra. Marcella Garcez
Médica Nutróloga, mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da associação. A médica também é membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Site Doutor Jairo