Redação Publicado em 22/04/2021, às 10h05
Durante a festa do BBB21, que aconteceu nesta quarta-feira (21), Gil abriu seu coração e contou como foi sua infância. De acordo com o brother, ele sofreu muito, pois via seu pai agredir sua mãe.
"Meu pai brigava muito com a minha mãe, batia nela... eu queria muito uma solução, nem que fosse morrer, alguma coisa, porque eu não aguentava mais. Então, essa música é muito marcante pra mim, todas as vezes que eu me via melhor que aquele momento", disse ele, se referindo a "La Belle de Jour", de Alceu Valença.
"Eu ouvia essa música e pensava: 'Caramba! Hoje tá melhor do que ontem'", contou Gil. "Quando eu passei na federal, me formei, entrei no mestrado, doutorado, em cada festa de comemoração eu colocava 'La Belle de Jour', porque hoje minha vida estava melhor do que ontem".
Infelizmente, não são poucas as mulheres que sofrem violência física e/ou sexual dos parceiros íntimos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, perto de 37% e 29% das brasileiras residentes em áreas rurais e urbanas, respectivamente, já passaram por isso ao menos uma vez na vida. As consequências podem ser profundas e não terminam depois da separação.
Um estudo conduzido por uma pesquisadora norte-americana, da Universidade de Buffalo, chama a atenção para o fato de que muitas dessas mulheres precisam de ajuda para iniciar novos relacionamentos. Nos Estados Unidos, as estatísticas não são muito diferentes daqui: uma em cada três mulheres já foi vítima de algum tipo de violência cometida por parceiro íntimo.
Assim como uma criança que sofre abuso em casa, mulheres agredidas pelos parceiros enfrentam um trauma por terem sido traídas por alguém em quem confiavam. Segundo a professora e pesquisadora Noelle St. Vil, essas cicatrizes passam a afetar os relacionamentos futuros.
Após entrevistar sobreviventes de violência cometida por parceiro íntimo, ela levantou as principais barreiras encontradas por essas mulheres na hora de se relacionar com potenciais novos parceiros. A principal delas é o medo de se ligar emocionalmente à pessoa. Elas passam a acreditar que mesmo um relacionamento aparentemente saudável pode acabar em violência.
Outra questão importante é que a autoestima dessas mulheres fica comprometida, e isso acaba fazendo com que elas se sabotem. Quando um cara legal tenta se aproximar, por exemplo, elas se afastam por achar que não são capazes de despertar o interesse ou sentimento verdadeiro de alguém que vale a pena.
Por último, é comum que haja um problema de comunicação nos novos relacionamentos – elas têm dificuldade de explicar o que vivenciaram e como isso afeta o comportamento atual. Isso acaba gerando uma falta de conexão, e as chances de a relação ir para frente diminuem. As conclusões foram publicadas no periódico Journal of Interpersonal Violence.
Também é importante lembrar que a violência doméstica, de qualquer tipo, pode ter uma influência para gerações futuras quando presenciada pelos filhos do casal. É o que mostrou um estudo divulgado no ano passado pela ONU Mulheres no Brasil, uma agência da Organização das Nações Unidas, realizado com 10 mil mulheres de capitais nordestinas.
O levantamento mostrou que quatro a cada dez mulheres que cresceram em lar violento voltam a enfrentar a situação ao se tornarem adultas, sendo que boa parte delas viu a mãe sendo agredida. Isso indica que o padrão é perpetuado. Entre os homens que agrediram suas parceiras, 40% tinham presenciado violência em casa, de acordo com o estudo. É um problema de saúde pública complexo, que precisa ser tratado com atenção.
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