Redação Publicado em 08/06/2021, às 13h41
Há 40 anos os primeiros casos de HIV (vírus da imunodeficiência humana) e Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) surgiam nos Estados Unidos e davam início a uma luta sobre conscientização.
Mesmo com o passar do tempo e novas descobertas científicas surgindo a todo momento, pesquisas recentes destacam que as pessoas que vivem com a doença ainda enfrentam o estigma, a discriminação e a rotulagem negativa de suas próprias famílias, comunidades e, até mesmo, profissionais de saúde.
Um novo estudo realizado pela Universidade Flinders (Austrália) entrevistou 20 profissionais de saúde, incluindo médicos e enfermeiros, nos distritos de Yogyakarta e Belu, na Indonésia, para examinar suas experiências ao tratar pacientes com HIV. As respostas indicaram o reconhecimento de estigma pessoal e discriminação em relação a essas pessoas.
Embora não existam diferenças significativas no número de casos de HIV nas duas regiões – Yogyakarta tem 1.353 casos e Belu apresenta 1.200 – , a primeira é uma área tradicionalmente muçulmana e a outra tem uma população, em sua grande maioria, cristã.
A pesquisa, publicada na revista Frontiers in Medicine, coincide ainda com o 30° aniversário do discurso da princesa Diana, que na ocasião enfatizou que não há problema em abraçar aqueles com HIV/Aids, trazendo para níveis mundiais a discussão sobre a doença.
Segundo os pesquisadores, pessoas que convivem com o HIV e/ou Aids estão sendo significativamente discriminadas de várias maneiras: podem ser submetidas à separação de seus pertences pessoais por membros da própria família, evitadas fisicamente pela comunidade em que vivem, além de passarem por rejeição e não serem atendidas pelos profissionais de saúde.
Acredita-se que, devido à falta de conhecimento sobre a condição, ainda há um temor por parte da sociedade em relação ao contágio da doença, assim como uma relutância em ajudar por valores pessoais, posturas religiosas, valores socioculturais e normas dessas comunidades. Tudo isso contribui diretamente para o estigma e discriminação do HIV e da Aids.
Confira:
Os autores alertam que o estigma e a discriminação sobre a doença podem levar as pessoas que convivem com ela a ocultarem a sua condição e se isolarem, dificultando ainda mais o acesso a importantes serviços de saúde.
Os achados da pesquisa indicam a importância dos programas de educação para o HIV/Aids para os familiares e membros da comunidade, assim como para profissionais de saúde, com objetivo de melhorar a conscientização desse grupo para que possam receber e tratar esses pacientes da melhor forma possível.
Mesmo com a melhora dos tratamentos e da qualidade de vida das pessoas que convivem com a condição, o estigma e a discriminação parecem ser muito prevalentes, levando ao baixo acesso a serviços de saúde e a profissionais menos familiarizados com a forma de gerenciar e interagir com pacientes por conta do medo de contrair o vírus - formando um ciclo vicioso do preconceito.
Para os pesquisadores, as percepções negativas e julgamentos sobre pessoas vivendo com HIV também são motivadores de tratamento discriminatório por parte dos provedores de saúde. Além disso, segundo os dados da pesquisa, outros fatores, como gênero, raça e religião desempenham um papel de atitudes discriminatórias.
De acordo com os autores, compreender as perspectivas e experiências dos profissionais de saúde relacionados ao estigma e à discriminação do HIV é uma contribuição importante para a melhoria dos sistemas de atenção e para trazer ainda mais qualidade de vida para as pessoas que convivem com a condição em todo o mundo.
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