Beber pesado na pandemia foi mais frequente entre homens ricos

Estudo revela a relação entre pandemia e aumento na frequência de consumo de álcool

Redação Publicado em 08/03/2021, às 16h27

Cinco ou mais doses de álcool de uma só vez caracterizam um episódio de beber pesado - iStock

Um estudo da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) revela que homens com maior renda e que seguiram isolamento social foram a população que mais relatou episódios de beber pesado durante a pandemia.

O trabalho, que contou com a participação do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), foi publicado no periódico científico Drug and Alcohol Dependence

A pesquisa teve participação de 12.328 adultos de 33 países da América Latina e do Caribe, que responderam a questionários por meio de plataformas digitais, com impulsionamento da Opas, no período de 22 de maio a 30 de junho de 2020.

O que é beber pesado?

O objetivo foi analisar fatores associados ao aumento da frequência dos episódios de beber pesado, com ênfase nas características sociodemográficas, práticas de quarentena e sintomas de ansiedade em bebedores.

Um episódio de beber pesado é caracterizado pelo consumo, entre homens, de cinco ou mais doses de bebida alcoólica em uma ocasião. No caso das mulheres, considera-se quatro ou mais doses, uma vez que elas são mais sensíveis aos efeitos do álcool por questões fisiológicas e hormonais. 

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O que mudou na pandemia?

Ao todo, 65% dos participantes relataram ao menos um episódio de beber pesado durante a pandemia da Covid-19, sendo que 14% disseram ter aumentado a frequência desses episódios de beber pesado em comparação com 33% que disseram ter reduzido a frequência desse comportamento no período.

As análises indicam que ser homem, ter maior renda e ter seguido a quarentena por mais tempo foi positivamente associado ao aumento da frequência de episódios de beber pesado.

Já estar desempregado, ser estudante e viver com crianças foi negativamente associado com o aumento da frequência de episódios de beber pesado no período analisado. Ou seja, essa foi a população com menor tendência a dizer que esse comportamento se agravou na pandemia.

Ansiedade e álcool

Também foi encontrado um gradiente de associação entre o transtorno de ansiedade generalizada e um aumento na frequência de episódios de beber pesado durante a pandemia, ou seja, quanto maior o nível de ansiedade maior o risco de a pessoa exagerar no consumo.

Para Juliana Valente, pesquisadora responsável pelas análises, "os dados destacam que ações preventivas em saúde mental devem ser planejadas e colocadas em prática a fim de reduzir o impacto da pandemia sobre a saúde e o bem-estar da população dos países da América Latina e do Caribe."

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