Muitos adultos com IMC normal têm obesidade, ao se analisar outros critérios
Tatiana Pronin Publicado em 18/06/2023, às 10h00
O índice de massa corporal (IMC) não é uma medida completa da saúde metabólica, e uma alta proporção de adultos com IMC normal ainda tem obesidade, de acordo com pesquisas apresentadas na Endo 2023, a reunião anual da Sociedade de Endocrinologia em Chicago, nos EUA.
Os estudos destacam a importância de se incluir qual porcentagem do corpo é composta por gordura, músculos, ossos e água, e o quanto de gordura está presente no abdômen em comparação com as coxas, para compreender totalmente os fatores que contribuem para as doenças cardiometabólicas.
Entre especialistas, não é nenhuma novidade que o IMC sozinho seja uma medida limitada para avaliar a saúde metabólica de alguém. Mas os estudos apresentados na conferência, além de reforçar essa noção, mostram que existem outras questões que podem interfir nos resultados ao se diagnosticar o sobrepeso e a obesidade.
"Demonstramos que existem diferenças raciais/étnicas na gordura corporal, no IMC e na distribuição de gordura corporal, o que pode fornecer evidências para estudos futuros determinarem se essas diferenças são possíveis fatores contribuintes para as disparidades raciais observadas em doenças cardiometabólicas", disse o médico e pesquisador Aayush Visaria, da Faculdade de Medicina da Universidade Rutgers.
Visaria e seus colegas avaliaram dados de adultos com idades entre 20 e 59 anos, nos EUA, que fizeram parte do Inquérito Nacional de Exame de Saúde e Nutrição, de 2011 a 2018. As informações incluíam resultados de exames de composição corporal (DEXA), feitos com o mesmo equipamento que faz a densitometria óssea.
Os IMCs foram categorizados por etnia, da seguinte maneira:
não asiáticos
asiáticos
Os pesquisadores estimaram as chances de obesidade entre adultos com IMC normal/sobrepeso, com base no IMC ou na porcentagem total de gordura corporal (BF%) igual ou superior a 25% para homens e igual ou superior a 32% para mulheres. Os participantes foram divididos por raça e etnia (brancos não hispânicos, negros não hispânicos, asiáticos, hispânicos e outros). Eles também estimaram as medidas médias de adiposidade identificadas nos exames DEXA.
Os dados indicaram que:
Com isso, eles descobriram que:
Os autores afirmaram esperar que a pesquisa ajude os especialistas a fornecerem um melhor tipo de cuidado aos indivíduos acima do peso. O ideal, segundo eles, é que os médicos utilizem, como rotina:
1) medidas complementares de gordura corporal, como circunferência da cintura ou medições de gordura corporal baseadas em bioimpedância (por exemplo, balanças inteligentes), além do IMC;
2) adotem práticas para evitar preconceitos inconscientes que possam surgir ao cuidar de um paciente com IMC elevado;
3) e tomem decisões clínicas que não se baseiem apenas no cálculo do IMC, mas sim em uma compreensão geral da composição corporal e da distribuição de gordura corporal.
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