Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h35 - Atualizado às 23h55
Vários estudos têm sugerido que a inflamação pode ser estar envolvida na depressão. Agora, pesquisadores chegaram à conclusão de que o efeito de uma sobre a outra é comparável a jogar gasolina em uma fogueira. Ou seja: a inflamação crônica faz com que os sintomas depressivos aumentem significativamente nas pessoas com predisposição ao transtorno.
A pesquisa, publicada no American Journal of Psychiatry, revisou cerca de 200 estudos que relacionavam as duas condições. A análise foi feita por pesquisadores das universidades de Rice e do Estado de Ohio, nos Estados Unidos.
O fator inflamatório tem sido relacionado a inúmeras doenças, como câncer e diabetes, por isso não é de se estranhar que haja ligação também com a saúde mental. Segundo os pesquisadores, pacientes que sofrem de depressão clínica apresentam concentrações 50% mais altas de dois marcadores de inflamação, chamados CRP e IL-6.
A inflamação crônica é mais comum em indivíduos que passaram por situações de grande estresse, como falta de dinheiro ou abuso na infância. Dietas ricas em gordura e Índice de Massa Corporal (IMC) alto também podem contribuir para o quadro.
Os autores explicam que é normal apresentar uma resposta inflamatória diante de um machucado, por exemplo, pois é assim que o sistema imunológico funciona. Mas algumas pessoas apresentam uma inflamação persistente e sistêmica, ou seja, que envolve diversos órgãos, o que poderia deflagrar transtornos físicos e mentais.
O estudo também concluiu que a depressão deflagrada pelo fator inflamatório é resistente às terapias tradicionais, mas parece ter boa resposta com atividades físicas, meditação, ioga e anti-inflamatórios.
Os autores esclarecem que ainda há muito o que descobrir sobre o papel da inflamação nos transtornos de humor, mas eles acreditam que essa área de pesquisa pode resultar em tratamentos capazes de beneficiar um número maior de pacientes com depressão.