Redação Publicado em 28/06/2021, às 16h00
Pesquisas já apontaram que uma dieta saudável – aliada a atividades físicas regulares – pode diminuir o risco da doença. Agora, uma análise de três grandes estudos, realizada por pesquisadores australianos, apontou que a ingestão de frutas pode diminuir a probabilidade de uma pessoa desenvolver diabetes tipo 2.
Aproximadamente 90% das pessoas com a doença têm o tipo 2, que é responsável por mais de 2 milhões de mortes por ano e é a sétima causa de incapacidade em todo o mundo. O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) surge quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz, ou não a produz em quantidade suficiente para controlar a taxa de glicemia.
Estima-se que 451 milhões de pessoas em todo o mundo tenham diabetes, e que este número passe de 693 milhões em 2045. Dada sua prevalência global, há uma necessidade urgente de estratégias baseadas em evidências visando a prevenção da doença.
O estudo analisou o impacto das recomendações das Diretrizes Dietéticas da Austrália para o consumo de frutas, que consiste em pelo menos duas porções de 150 gramas por dia, para adultos. A ingestão dessa quantidade foi associada a um risco 32% menor de DM2 ao longo de 12 anos, mostrou o Estudo Australiano Sobre Diabetes, Obesidade e Estilo de Vida (AusDiab) - pesquisa australiana de base populacional da prevalência de diabetes mellitus e fatores de risco associados em adultos. Os pesquisadores afirmam que se a população tivesse aderido a essas recomendações, 23% dos casos de DM2 poderiam ter sido evitados.
Os resultados mostraram que apenas frutas inteiras reduziram o risco dos participantes. O suco de fruta não teve um efeito positivo.
Também foi encontrada uma correlação entre a ingestão de frutas e marcadores de sensibilidade à insulina, o que significa que aqueles que consumiram mais frutas tiveram que produzir menos insulina para reduzir seus níveis de glicose no sangue. Isso é importante porque altos níveis de insulina circulante podem danificar os vasos sanguíneos e estão relacionados não apenas ao diabetes, mas também à hipertensão, obesidade e doenças cardíacas.
Nem todas as frutas oferecem proteção igual contra a doença, segundo os pesquisadores. O estudo mostrou, em três coortes, que homens e mulheres que consumiram mais mirtilos, uvas, maçãs, bananas e toranjas foram, individualmente, associados a um risco significativamente menor de DM2. No entanto, ainda não é possível estabelecer quais as frutas mais indicadas para esse fim. Também há várias outras questões que precisam ser mais estudadas para se entender o papel da ingestão de frutas nas medidas de resistência à insulina e na disfunção das células beta, que secretam o hormônio no pâncreas.
Participaram do estudo, publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism neste mês, homens e mulheres com 25 anos ou mais, recrutados pelo AusDiab entre 1999 e 2000, em sete estados e territórios australianos, com acompanhamento em 2004 para 2005 e de 2011 a 2012. Foram selecionados 7.675 participantes para análises e destes, os dados de acompanhamento ficaram disponíveis para 4.674 participantes em cinco anos, e para 3.518 em 12 anos.
Como se trata de um estudo observacional, os pesquisadores dizem que é preciso ter cuidado com a forma como as descobertas são interpretadas. Isso porque as pessoas que comeram mais frutas também tinham a tendência a ter uma dieta e um estilo de vida mais saudáveis. Resumindo: é difícil isolar as frutas como sendo a única razão pela qual alguns dos participantes do estudo tinham menores chances de desenvolver diabetes tipo 2.
Os pesquisadores se concentraram apenas nas frutas mais comumente consumidas: maçãs, bananas e laranjas, porém, isso não significa que se deva ignorar outras escolhas. Frutas contêm nutrientes e fitoquímicos diferentes, e todos atuam de maneiras diferentes para manter uma pessoa saudável, assim, a variedade seria a chave.
Uma forma de colocar mais frutas na dieta diária é transformá-las em sobremesa. Quando sentir vontade de comer um doce, pegue um pedaço de fruta, por exemplo, abacaxi grelhado, pêssegos assados ou a tradicional salada de frutas. Vale lembrar que pessoas com hiperglicemia ou pré-diabetes devem consultar o médico ou nutricionista antes de aumentar consideravelmente o consumo desse alimento.
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