Quem se sente mais só? Idosos ou jovens? Segundo um grande estudo, que contou com respostas de mais de 46 mil pessoas de 237 países, com idades entre 16 e
Jairo Bouer Publicado em 27/05/2020, às 19h29 - Atualizado em 28/05/2020, às 11h40
Quem se sente mais só? Idosos ou jovens? Segundo um grande estudo, que contou com respostas de mais de 46 mil pessoas de 237 países, com idades entre 16 e 99 anos de idade, a solidão tende a diminuir à medida que as pessoas envelhecem. Isso mesmo que você leu.
A pesquisa, que fez parte de um experimento mundial conduzido pela rede britânica BBC, o “Loneliness Experiment”, foi realizada por estudiosos das universidades de Exeter, Manchester e Brunel, no Reino Unido. Os resultados acabam de ser publicados pela primeira vez num periódico científico, o Personality and Individual Differences.
As descobertas também mostram que homens, jovens e pessoas que vivem em sociedades consideradas mais individualistas, como o Reino Unido e os Estados Unidos, têm mais tendência à solidão que uma mulher idosa que reside em uma sociedade que prioriza mais o coletivo, como a China ou o Brasil (a classificação dos países foi feita com base no índice criado pelo pesquisador dinamarquês Geert Hofstede).
Os dados deixam claro que a solidão depende mais da expectativa que as pessoas têm em relação às conexões sociais, do que da quantidade de pessoas com quem se relacionam. E aí é que entram questões como cultura, estigmas e idealizações.
Ao analisar diferenças de gênero, os pesquisadores perceberam que os homens têm mais vergonha de admitir que se sentem solitários que as mulheres. Mas, quando a sensação era medida sem que usassem o termo “solidão”, especificamente, os resultados indicavam que eles é quem se incomodam mais. O mesmo fenômeno é observado em países que valorizam a autonomia e a auto-suficiência.
Os autores do estudo chamam atenção para os impactos que as medidas de distanciamento social impostas pela covid-19 podem ter para os mais novos, ainda que a pandemia cause maior preocupação entre os mais velhos, que também costumam ter mais doenças crônicas.
Entender por que adolescentes e adultos, que muitas vezes estão no auge da paquera e da vida social, podem se sentir solitários apesar dos contatos na escola, no trabalho e nas redes sociais pode trazer insights importantes para se evitar transtornos emocionais. Para os pesquisadores, a tecnologia precisa ser mais encarada como extensão, e não substituição, dos relacionamentos.