Pesquisa analisa possíveis conflitos entre cuidados com a higiene e a formação do sistema imunológico
Redação Publicado em 05/07/2021, às 17h00
A teoria de que a sociedade moderna é "muito limpa" e gera, consequentemente, crianças alérgicas e com sistemas imunológicos mais fracos deve ser “varrida para debaixo do tapete”, de acordo com um novo estudo realizado pela University College London (Reino Unido).
É comum a ideia de que a exposição na primeira infância a determinados micro-organismos protege contra doenças alérgicas, contribuindo para o desenvolvimento do sistema imunológico. Mas será que isso é verdade?
No artigo, publicado no Journal of Allergy and Clinical Imunology, os pesquisadores apontam que a exposição a micro-organismos no início da vida é, sim, essencial para a educação do sistema imunológico e metabólico, além de desempenhar um papel importante na manutenção da saúde na velhice.
Assim, segundo eles, é fundamental ter contato com esses micro-organismos conhecidos como “benéficos”, que são derivados, principalmente, das mães, de outros membros da família e do ambiente natural.
Entretanto, a narrativa de que as práticas de higiene das mãos e as adotadas para limpar a casa, essenciais para impedir o contato com patógenos causadores de doenças, também estariam bloqueando a exposição aos organismos benéficos para o corpo humano não procede.
Confira:
O estudo fez uma análise do aparente conflito entre a necessidade de limpeza e de higiene no combate a micro-organismos causadores de doenças e da importância daqueles considerados “benéficos”, que estão presentes no corpo e são essenciais para configurar os sistemas imunológico e metabólico.
Em uma revisão de evidências, os pesquisadores apontaram quatro fatores:
#1 Em primeiro lugar, os micro-organismos encontrados em uma casa atualmente não são, em um grau significativo, aqueles benéficos e importantes para a construção da imunidade;
#2 As vacinas, além de proteger das infecções para quais foram elaboradas, fazem muito mais para fortalecer o sistema imunológico;
#3 Existem evidências concretas de que os micro-organismos encontrados na natureza são, particularmente, importantes para a saúde do ser humano. Assim, limpeza doméstica e higiene não têm relação com essa exposição;
#4 Pesquisas recentes demonstram que, quando são encontradas associações entre a limpeza da casa e problemas de saúde, como alergias, estes são, muitas vezes, causados não pela remoção dos organismos, mas sim pela exposição dos pulmões aos produtos de limpeza, que incentivam o desenvolvimento de respostas alérgicas.
Os autores explicam, portanto, que manter a casa asseada é importante, assim como a higiene pessoal - e, para evitar a propagação de uma infecção, essa limpeza precisa ser direcionada para as mãos e superfícies ligadas à transmissão de doenças.
Com esse direcionamento, também ocorre a limitação da exposição direta das crianças aos produtos utilizados para limpar. Além disso, o contato com as mães, os familiares, a natureza e com as vacinas pode fornecer toda a proteção que uma pessoa precisa. Portanto, essas exposições não estão em conflito com a higiene ou a limpeza.
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