Doutor Jairo
Leia » Fertilidade

Mães solo: os caminhos para a gravidez independente

Há mulheres que decidem constituir famílias por conta própria, sem a obrigatoriedade de ter uma parceria - iStock
Há mulheres que decidem constituir famílias por conta própria, sem a obrigatoriedade de ter uma parceria - iStock

Há muito tempo que o modelo tradicional de família, aquele em que existe um pai (homem) e uma mãe (mulher) já foi ampliado e revisto. Hoje existem diversos tipos de família que são socialmente aceitos e constituem um núcleo familiar importante, onde existe acolhimento, afeto e união entre os membros, como em qualquer família.

Não fora deste contexto, temos os casos em que as mulheres decidem constituir famílias por conta própria, sem a obrigatoriedade de ter um parceiro ou a parceira. São as chamadas mães solo.

Para que seja possível as mães solo constituírem família, elas necessitarão de ajuda médica, logicamente quando elas não desejarem ter o pai da criança como alguma pessoa conhecida ou identificada.

A medicina reprodutiva nas últimas décadas passou por grandes avanços e hoje temos diversos tratamentos disponíveis para todas as pessoas que desejam ter filhos; isso não é diferente com as mães solo. Para elas existem dois tratamentos principais: a inseminação intrauterina ou a fertilização in vitro.

Banco de sêmen

Em ambos os tratamentos, é necessário contar com ajuda de um banco de sêmen. O banco de sêmen é um local onde estão armazenados (congelados) material seminal de doadores anônimos. Esses bancos podem ser localizados no Brasil ou em diversos países do mundo.

Normalmente, as clínicas do Brasil utilizam de um banco de sêmen nacional ou importam de alguns bancos dos Estados Unidos. É importante salientar que, fora do Brasil, as regras para que os pacientes possam ser doadores de banco de sêmen são bastante diferentes. Nos Estados Unidos, por exemplo, é até permitido que se possa pagar para alguém ser doador de sêmen e que este doador possa ser identificado futuramente, caso deseje e permita.

No Brasil isso não é permitido. Os doadores de sêmen devem manter-se em anonimato e a criança ou as crianças que nascerão desses tratamentos médicos nunca poderão conhecer aquele homem que forneceu o material genético para que sua concepção fosse possível.

'Sozinha' não quer dizer 'solitária'

Desta forma, as mulheres que anteriormente precisavam obrigatoriamente ter um parceiro ou um companheiro, para que para que pudessem engravidar, agora estão livres para conseguir ter uma gravidez sozinhas. Mas não necessariamente solitárias.

Apenas não terão a figura de um pai biológico presente. Porém, diversas pessoas podem ajudar e participar na educação e na criação dessas crianças e normalmente são pessoas da própria família da mulher, como irmãos e irmãs, tios e tias, avós ou avôs ou mesmo, em alguns casos, um novo companheiro ou companheira que a mulher tenha conhecido depois da gravidez.

Assim, o núcleo familiar assume uma característica bastante forte e as mães solo podem exercer seu direito de ter seus filhos, constituindo um modelo familiar de amor.

Fernando Prado

Fernando Prado

Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres - Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, é membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Site Doutor Jairo