Redação Publicado em 25/01/2021, às 14h15
Pesquisadores alemães descobriram que investir no plantio de árvores pode ser uma política pública de baixo custo com impacto expressivo na saúde mental das pessoas. Eles associaram a presença de verde no espaço urbano a um número mais baixo de prescrições de antidepressivos.
A equipe, das universidades de Leipzig e do Centro Helmholtz de Pesquisas Ambientais, entre outras instituições, analisou dados de 10 mil moradores de Leipzig, uma cidade alemã com cerca de 600 mil habitantes. Eles se concentraram no número e no tipo de árvores presentes nas ruas e sua proximidade com os moradores.
Os pesquisadores decidiram usar o número de prescrições de remédios para depressão por considerar que esse seria um indicador concreto de problemas de saúde mental – antidepressivos são indicados para depressão e ansiedade, além de outros transtornos. Outros estudos semelhantes utilizavam sensações autorrelatadas, o que dificulta a comparação dos resultados.
Depois de controlar fatores que poderiam interferir no risco de depressão, como emprego, idade, sexo e peso corporal, a equipe concluiu que, quanto maior o número de árvores no espaço de 100 metros ao redor da moradia, menor a probabilidade de receber uma prescrição de antidepressivo.
Os resultados, publicados no periódico Nature Scientific Reports, mostram que populações carentes, que têm um risco maior de sofrer com depressão, poderiam se beneficiar do plantio de árvores. Ao mesmo tempo, a presença de verde melhoraria o clima e ajudaria a reduzir a desigualdade social, já que bairros mais ricos tendem a ter mais áreas verdes.
Os autores do estudo reforçam que plantar árvores é uma solução relativamente barata, e que talvez tenha um efeito comparável à presença de parques, que têm um custo muito mais alto de implementação e manutenção. Fica a dica para legisladores e planejadores urbanos.
Cada vez mais estudos têm ressaltado a importância do contato com a natureza para a saúde física e mental. Um deles, publicado no mesmo periódico, indica que quem consegue passar ao menos 120 minutos por semana em parques ou áreas verdes tende a relatar mais saúde e bem-estar do que quem não consegue fazer isso. O trabalho contou com 20 mil pessoas e foi conduzido pela Universidade de Exeter, no Reino Unido.
Outras pesquisas evidenciam que morar em áreas verdes reduz o risco de obesidade, doenças cardiovasculares e de hospitalizações por asma, além de diminuir o número de crianças com miopia e até melhorar a memória e o aprendizado dessa população. Tudo isso talvez indique porque tanta gente tem se mudado para cidades menores desde que a pandemia de Covid-19 começou.
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