Feitas de microfibras plásticas, o descarte inadequado é uma potencial ameaça ao meio ambiente
Redação Publicado em 11/03/2021, às 14h15
Estudos recentes estimam que são utilizadas cerca de 129 bilhões de máscaras todo mês, ou seja, três milhões por minuto. Grande parte delas é descartável, e confeccionada com microfibras de plástico.
Os pesquisadores do artigo, publicado na revista científica Frontiers of Environmental Science & Engineering, alertam sobre o crescimento do uso desses produtos como uma das formas mais eficazes de combate ao novo coronavírus e, consequentemente, o aumento do descarte inadequado.
Nesse cenário, segundo eles, as máscaras mostram um grande potencial de ameaça ambiental e é preciso evitar que se tornem o próximo problema com materiais feitos de plástico.
As máscaras descartáveis são produtos plásticos que, portanto, não podem ser facilmente biodegradados, mas se fragmentam em partículas plásticas menores - micro e nanoplásticos - que se espalham pelos ecossistemas.
Atualmente, com a pandemia, a fabricação desse produto está em uma escala semelhante a das garrafas plásticas, que é estimada em 43 bilhões por mês. Entretanto, diferente delas, as máscaras não contam com nenhuma orientação oficial sobre reciclagem e, dessa maneira, é mais provável que o descarte ocorra de forma inadequada juntamente com resíduos sólidos.
De acordo com os pesquisadores, se não forem descartadas para a reciclagem, como outros lixos plásticos, as máscaras podem atingir o ambiente – oceanos e ecossistemas de água doce. Nesses locais, a degradação gera um número grande de micropartículas durante um período relativamente curto e fragmentos adicionais em nanoplásticos (menos que um micrômetro).
A maior preocupação, segundo a equipe, é que cada vez mais as máscaras são feitas de fibras plásticas minúsculas (entre um a dez micrômetros). Sendo assim, quando chegam ao ambiente, podem soltar ainda mais micropartículas de plástico e numa velocidade maior que a de outros tipos de materiais, como os sacos plásticos.
Além disso, os impactos podem ser ainda maiores com o uso de um novo tipo de máscara, as “nano masks”, que utilizam fibras plásticas nanodimensionadas (com diâmetro menor que um micrômetro).
Os estudiosos ressaltam que ainda não sabem como, ao certo, as máscaras contribuem para o grande número de partículas plásticas detectadas no ambiente, já que ainda não existem dados sobre a degradação das mesmas na natureza.
Porém, como outros materiais feitos de plástico, as máscaras descartáveis também podem se acumular e liberar substâncias nocivas como o bisfenol A - que traz alguns riscos à saúde, como diminuição na produção de espermatozoides e desenvolvimento de cistos nos ovários, metais pesados e microrganismos patogênicos. Tudo isso pode impactar de diversas formas plantas, animais e humanos.
Para os pesquisadores, existem algumas sugestões, tanto para cidadãos como para governantes, para descartar as máscaras de forma mais adequada e, assim, evitar maiores problemas futuros:
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