Remédios predispõem os pacientes a certas doenças crônicas, por isso a atividade física orientada é essencial
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h26 - Atualizado às 23h56
A evolução das terapias transformou a Aids em uma doença crônica, mas os efeitos colaterais das drogas não podem ser ignorados. Pessoas em tratamento contra o HIV tendem a desenvolver doenças crônicas secundárias mais cedo e com maior frequência, em especial as do coração.
Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 700 mil brasileiros vivem com o vírus. Nos EUA, a estimativa é de 1,2 milhão, segundo os Centros para Controle e Prevenção de Doenças – dado destacado no estudo norte-americano.
Estudos têm demonstrado que a atividade física traz uma série de benefícios para os pacientes, como redução de colesterol, alívio da depressão e melhor condição cognitiva.
Mas os pesquisadores observam que há poucos estudos na literatura com programas projetados especificamente para pessoas com HIV, e que possam ser seguidos em casa, sem necessidade de frequentar um local específico.
A equipe da Case Western pretende fazer isso, a longo prazo, mas, inicialmente, quis verificar se os pacientes fazem, mesmo, exercícios por conta própria. Para isso, eles entrevistaram 102 pacientes com HIV.
Os resultados mostram que a maioria faz exercício, mas não com intensidade suficiente. De acordo com o artigo, publicado no The Journal of the Association of Nurses in Aids Care, as mulheres entrevistadas se exercitam cerca de 2,4 horas por semana, e os homens, 3,5 horas. Eles dedicam mais tempo, mas uma intensidade menor que elas.
A atividade predominante entre os pacientes, segundo o levantamento, é a caminhada. Ao se excluir a modalidade, o tempo médio de exercício dos participantes cai para 1,1 hora por semana.
A recomendação da Associação Americana para o Coração é que as pessoas pratiquem 30 minutos de exercícios de intensidade moderada cinco vezes por semana, ou, então, 25 minutos de exercícios vigorosos três dias por semana com mais dois dias de atividade muscular moderada.
Os participantes do estudo usavam antirretrovirais havia nove anos, em média, e 80% deles tinham alguma doença crônica concomitante, principalmente pressão alta e depressão.
O próximo passo dos pesquisadores é elaborar um plano flexível, capaz de ser seguido pela maioria dos pacientes, e também progressivo. Dessa forma, eles acreditam que é possível prevenir problemas e melhorar bastante a qualidade de vida de quem sofre com o HIV.