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Meditação: entenda como ela afeta suas ondas cerebrais

Uma vez que a meditação se torna parte da rotina diária, isso pode trazer benefícios ao longo da vida - iStock
Uma vez que a meditação se torna parte da rotina diária, isso pode trazer benefícios ao longo da vida - iStock

Redação Publicado em 17/05/2022, às 12h00

Pesquisadores têm mostrado que a meditação pode induzir ondas cerebrais relacionadas ao relaxamento, como as ondas alfa e teta. Estudos mostram que ela traz benefícios positivos para a saúde, como ajuda na redução do estresse, na diminuição da depressão, na melhora da qualidade do sono e no aumento do foco, entre outros.

Não apenas os participantes de pesquisas que praticam meditação relatam melhorias em seu bem-estar geral após a prática, mas os cientistas mostram que é possível ver fisicamente as mudanças relacionadas ao relaxamento acontecendo no cérebro usando tecnologia de imagem cerebral, como eletroencefalografia (EEG).

Como meditar

A meditação é a prática de desacelerar e focar sua mente no momento presente. Geralmente ela é feita na posição sentada, com os olhos fechados. Meditar pode durar apenas cinco minutos ou continuar por horas. O objetivo da prática é trazer o foco de volta, toda vez que a mente começa a vaguear.

O que você foca durante sua prática de meditação pode variar. Algumas das coisas mais comuns para focar incluem:

  • seu ciclo respiratório (inspiração e expiração;
  • um mantra (repetir uma palavra ou frase em sua cabeça);
  • as sensações em seu corpo;
  • os sons que você ouve;
  • a visualização de um belo lugar como destino.

A meditação pode ajudá-lo a se sentir mais relaxado, e isso se reflete em sua atividade cerebral.

O que acontece no cérebro quando você medita?

As ondas cerebrais são as medidas dos pulsos elétricos em seu cérebro. Esses pulsos são medidos em uma unidade de frequência chamada Hertz (Hz). Existem cinco níveis distintos de frequências em que seu cérebro pode estar pulsando, e cada um representa o tipo de função que seu cérebro está realizando (por exemplo, dormir, focar, lembrar, etc.).

Os cinco níveis de frequência cerebral são:

  • Delta (menos de 4 Hz): a onda cerebral mais lenta. O cérebro aumenta as ondas delta durante o sono para reduzir a consciência.
  • Teta (3,5 a 7,5 Hz): onda cerebral lenta que aumenta quando estamos acordados, mas focando internamente (por exemplo, fantasiar).
  • Alfa (8t ou 12 Hz): a frequência que seu cérebro atinge quando está relaxado. O cérebro está alerta, mas não processa ativamente as informações.
  • Beta (12,5 a 30 Hz): o cérebro atinge essa frequência quando está alerta e precisa processar informações externas.
  • Gama (25 a 140 Hz):  seu cérebro atinge essa faixa de frequência quando está no pico de concentração.
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Meditar pode aumentar a criatividade e as habilidades - iStock

Durante a meditação, as frequências mais comuns que um eletroencefalograma detectará são as ondas teta e alfa do estado relaxado. E, como resultado, os níveis médios de ondas beta tendem a diminuir.

No livro do pesquisador cientifico e psicólogo James Hardt, “The Art of Smart Thinking” (A arte do pensamento inteligente, em tradução livre), são explorados os benefícios de aumentar a produção de ondas teta e alfa no cérebro. Ele argumenta que essas duas frequências cerebrais são as mais importantes para aumentar a criatividade e as habilidades de resolução de problemas.

A meditação pode atuar como uma ferramenta que ajuda a acessar as frequências cerebrais teta e alfa. Uma vez que ela se torna uma parte regular de sua rotina diária, Hardt argumenta que isso pode trazer benefícios ao longo da vida para a saúde do cérebro.

Domínio das ondas alfa 

Depois de praticar a meditação por um período suficientemente longo, a pesquisa sugere que as frequências alfa podem se tornar as dominantes no cérebro. Uma pesquisa de 2020 sobre os efeitos de várias formas de meditação revelou que alunos levaram 40 dias praticando uma forma de atenção plena chamada Yoga Nidra (também conhecida como yoga do sono) para tornar as ondas alfa dominantes.

Uma vez que as ondas alfa aumentaram para níveis dominantes, a pesquisa revelou que os participantes de várias formas de meditação e práticas de yoga experimentaram melhor qualidade do sono, redução da ansiedade e depressão, níveis de estresse mais baixos e aprendizado e memória aprimorados.

Resumo

Testes de eletroencefalografia em participantes que praticam meditação revelam que ela afeta a produção das ondas cerebrais. O que é tão inovador sobre essas descobertas é que o efeito que a meditação tem na atividade das ondas cerebrais não ocorre apenas durante a prática em si, mas muito tempo depois que ela é concluída.

Em outras palavras, a prática habitual de meditação pode mudar sua atividade de ondas cerebrais nos próximos anos. Pesquisas indicam que a meditação tende a levar a um aumento na produção de ondas teta e alfa, que são as frequências de ondas cerebrais associadas a habilidades aprimoradas de aprendizado e bem-estar mental geral.

Segundo os pesquisadores, o tipo específico de meditação ou prática de atenção plena não parece importar. O mais importante para alterar suas ondas cerebrais é tornar a meditação parte de sua rotina diária.

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