Além do envelhecimento cronológico, a mulher enfrenta o envelhecimento reprodutivo e um impacto nos hormônios
Redação Publicado em 05/11/2021, às 17h00
De acordo com uma previsão da Universidade de Washington (Estados Unidos), os casos globais de demência – incluindo o Alzheimer – quase triplicarão e podem atingir mais de 152 milhões de pessoas até 2050 impulsionados pelo envelhecimento populacional.
Do total, estima-se que grande parte seja composta por mulheres. Esse fato é preocupante visto que, além do impacto econômico geral, as pessoas do sexo feminino são um elemento cada vez mais importante para a economia global e representam a maioria dos cuidadores não remunerados.
Assim, trabalhar para manter a memória saudável e “intacta” precocemente na meia-idade e na transição para a menopausa é fundamental não só para as próprias mulheres, mas também para as suas respectivas famílias e para a sociedade.
Além do envelhecimento cronológico, ou seja, o avançar da idade, as mulheres também sofrem com o envelhecimento reprodutivo no início da meia-idade. É nesse momento – conhecido como menopausa – que elas experimentam um esgotamento gradual dos hormônios ovarianos, como o estradiol.
Pesquisas anteriores demonstraram que o estradiol se relaciona diretamente com as mudanças no desempenho da memória e na reorganização dos circuitos cerebrais responsáveis por regular essa mesma função.
No entanto, o envelhecimento cognitivo raramente é considerado um problema de saúde da mulher. Dar atenção a esse aspecto desde o início da meia-idade e entender o impacto da menopausa no cérebro permitirá o desenvolvimento de estratégias para prevenir a perda de memória para as mulheres.
Confira:
Em média, as mulheres apresentam um desempenho melhor – em comparação aos homens – quando o assunto é memória verbal, começando já na pós-puberdade. Porém, essa vantagem é reduzida com a chegada da menopausa. Muitas, por exemplo, relatam o aumento do esquecimento e da “neblina cerebral”, caracterizada por confusão mental, dores de cabeça e perda de memória de curto prazo durante a transição para essa fase.
Nos últimos anos, muitos estudos têm se dedicado a mapear as maneiras como a menopausa afeta o cérebro e o que pode ajudar a preservar a memória. Por exemplo, a menopausa pode impactar a forma como as células cerebrais são geradas, se conectam entre si e morrem, processos que afetam regiões cerebrais que são críticas para a memória.
Além disso, a menopausa também reduz o nível de glicose no cérebro, considerado o combustível primário usado pelas células cerebrais. Assim, o cérebro precisa olhar para outras fontes metabólicas para fornecer o necessário para o funcionamento de todo o sistema – ou seja, o cérebro se adapta a um novo ambiente hormonal para continuar trabalhando.
Existem três pilares principais para a manutenção da memória intacta: atividade física, atividade cognitiva e contato social. Pesquisas mostram que os dois primeiros têm efeitos benéficos diretos no cérebro, mesmo no nível da função celular.
O contato social, por sua vez, é outra forma de manter nossos cérebros ativos por estímulos externos, novas experiências e perspectivas fora de nós mesmos. Hábitos alimentares, como a dieta mediterrânea ou a ingestão de ácidos graxos ômega-3, como no óleo de peixe, também tiveram efeitos benéficos em função da memória.
A boa notícia é que estes são hábitos de vida modificáveis, o que pode ser particularmente importante para mulheres com hipertensão ou diabetes que estão em maior risco de declínio cognitivo.
Por último – e não menos importante – o sono adequado. Atualmente é sugerido que as pessoas durmam sete horas por noite, pois ter um sono de qualidade é fundamental para a saúde cerebral. Durante certos períodos de sono, a aprendizagem se consolida, ou seja, dormir desempenha um papel fundamental no armazenamento e manutenção do que aprendemos durante o dia.
Fonte: Harvard Health Publishing
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