Redação Publicado em 29/07/2021, às 13h00
Um novo estudo publicado no The American Journal of Clinical Nutrition sugere que ácidos graxos ômega-3 podem aumentar a expectativa de vida. Cada vez é mais comum entrar em uma farmácia ou loja de nutrição e encontrar fileiras de suplementos contendo essas substâncias. E não é segredo que esse ácido graxo, em particular, tem uma série de benefícios à saúde.
De acordo com Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, o ômega-3 é um dos dois principais tipos de ácidos graxos poli-insaturados. Esses ácidos, que contribuem para a formação das membranas celulares, são considerados “essenciais”, pois o corpo não consegue produzi-los por conta própria. O NIH afirma que os ômega-3 “fornecem energia para o corpo e são usados para formar eicosanoides”, que afetam os sistemas cardiovascular, pulmonar, imunológico e endócrino do corpo.
Existem três tipos principais de ácidos graxos ômega-3: ácido alfa-linolênico, ácido eicosapentaenoico e ácido docosaexaenoico (DHA). Mulheres costumam tomar suplementos de DHA durante a gravidez, pois pode ajudar no desenvolvimento fetal.
Além de suplementos, algumas fontes de ômega-3 incluem:
O NIH também observa que alguns estudos sugeriram que dietas ricas em ômega-3 estão associadas a taxas mais baixas de câncer, um risco reduzido de doença de Alzheimer e uma redução nos sintomas da artrite reumatoide.
O estudo recente envolveu o Hospital del Mar Medical Research Institute (IMIM) em Barcelona, Espanha, e o Fatty Acid Research Institute (FARI) de Sioux Falls, em Dakota do Sul, EUA. O objetivo dos pesquisadores era descobrir qual papel o ômega-3 desempenha na expectativa de vida. Eles acompanharam 2.240 participantes ao longo de 11 anos e analisaram os níveis de ômega-3 no sangue dos participantes.
Eles dividiram os participantes do estudo em quatro grupos:
De acordo com os autores do estudo, curvas de sobrevivência Kaplan-Meier (um método utilizado para estimar a probabilidade de sobrevida em vários intervalos de tempo e para ilustrar graficamente a sobrevida ao longo do tempo) foram usadas para estimar as proporções de sobrevivência por idade, dados os diferentes perfis de risco. De acordo com a análise, pessoas com altos níveis de ômega-3 no sangue que não fumavam tiveram a estimativa de sobrevivência mais alta. Pessoas com altos níveis de ômega-3 que fumavam e aqueles com baixos níveis de ômega-3 que não fumavam eram quase idênticos em termos de estimativas de sobrevivência.
Finalmente, as pessoas com baixos níveis de ômega-3 no sangue que fumavam tiveram a estimativa de sobrevivência mais baixa. “Isso reafirma o que temos visto ultimamente”, disse o autor do estudo, Aleix Sala-Vila, pesquisador de pós-doutorado no Grupo de Pesquisa em Risco Cardiovascular e Nutrição do IMIM. “Ter níveis mais altos desses ácidos no sangue, como resultado da inclusão regular de peixes oleosos na dieta, aumenta a expectativa de vida em quase 5 anos”, acrescentou. Porém, ser um fumante regular tira 4,7 anos da expectativa de vida, o mesmo tempo que uma pessoa ganha se tiver altos níveis de ácidos ômega-3 no sangue.
O coautor do estudo, William S. Harris, presidente e fundador da FARI, explicou que os médicos devem encorajar seus pacientes a aumentar seus níveis de ômega-3, ao mesmo tempo que abordam outros fatores de risco importantes, como colesterol e pressão arterial.
Ele conta que saber o índice ômega-3 de uma pessoa é tão – senão mais – importante do que saber o nível de colesterol ou pressão arterial de uma pessoa, e ‘consertar’ o índice ômega-3 é muito mais fácil (e mais barato e seguro) do que tratar todos os outros fatores de risco: ‘coma mais peixe e ou tome um suplemento de ômega-3’. O ideal é conversar com um médico para saber mais sobre os próprios fatores de risco pessoais e se é necessário ou não tratamento médico.”
O estudo teve certas limitações. Por exemplo, Harris explicou que, devido ao desenho do estudo, não se pode ter certeza de que algum outro fator associado a níveis mais elevados de ômega-3 – como um estilo de vida saudável – não é realmente o que importa na previsão do risco de morte. Portanto, não é possível concluir que existe um ‘efeito’ de maior ômega-3 sobre o risco de morte; tudo o que os pesquisadores podem dizer é que existe ‘uma associação’ entre os níveis mais elevados de ômega-3 e o menor risco de morte.
Harris também quis deixar claro que, embora as pessoas com altos níveis de ômega-3 que fumavam e pessoas com baixos níveis de ômega-3 que não fumavam tivessem estimativas de sobrevivência quase idênticas, “isso não deve significa que, de alguma forma, tomar cápsulas de óleo de peixe ‘apaga’ os efeitos nocivos do fumo”.
Os pesquisadores planejam expandir o estudo para participantes que não residam nos Estados Unidos. Eles querem ver se suas descobertas são consistentes com pessoas de origens diferentes. O artigo também recomendou discutir o consumo de peixes gordurosos, o que é consistente com outros estudos, que mostram que o consumo desse tipo de peixe pode beneficiar a saúde do cérebro (incluindo resultados de saúde mental) e longevidade.
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