Redação Publicado em 16/03/2022, às 16h00
Um novo estudo realizado pela Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos) revelou que mesmo o consumo leve a moderado de álcool está associado a danos ao cérebro.
Os resultados sugerem que o volume cerebral começa a ser reduzido com o consumo de menos de uma unidade de álcool por dia, o equivalente a cerca de meia lata de cerveja, e que esta redução aumenta a cada dose de bebida adicional.
A pesquisa mostrou ainda que passar de um para dois drinques por dia estava associado a mudanças no cérebro equivalentes ao envelhecimento de dois anos.
Para a ciência, a associação entre “beber pesado” e o impacto desse hábito no cérebro é muito clara. As pessoas que bebem muito têm alterações na estrutura e no tamanho do cérebro que estão associadas a deficiências cognitivas.
Entretanto, de acordo com o estudo (publicado na Nature Communications), o consumo de álcool mesmo de forma modesta também pode elevar os riscos para a saúde cerebral.
Para os pesquisadores, as descobertas contrastam com as diretrizes científicas e governamentais sobre os limites de consumo seguro. Segundo a Organização da Saúde (OMS), em uma única ocasião, os homens podem beber até quatro doses e as mulheres até três doses seguidas.
Para o estudo, a equipe utilizou dados biomédicos olhando para ressonâncias magnéticas cerebrais de mais de 36.000 adultos. Esses dados podem ser usados para calcular o volume de matéria branca e cinza em diferentes regiões do cérebro.
Para se ter uma compreensão de possíveis conexões entre a bebida e seu impacto na saúde cerebral, houve o controle de variáveis que pudessem ofuscar a relação: idade, altura, obesidade, sexo, tabagismo, status socioeconômico, ascendência genética e município de residência. A equipe também corrigiu os dados de volume cerebral para o tamanho geral da cabeça.
Confira:
Os participantes responderam a perguntas sobre seus níveis de consumo de álcool. Quando os pesquisadores agruparam as pessoas por níveis médios de consumo, um padrão pequeno, mas aparente, emergiu: o volume de matéria cinza e branca que poderia ser previsto pelas outras características do indivíduo foi reduzido.
Segundo os dados, ir de zero a uma unidade de álcool não fez muita diferença no volume cerebral, mas passar a ingerir de uma a duas doses por dia foi associado a reduções na matéria cinzenta e branca do cérebro.
O elo observado foi ainda mais forte quanto maior o nível de consumo de álcool. Os pesquisadores compararam as reduções no tamanho do cérebro ligadas à bebida com as que ocorrem com o envelhecimento.
Com base em sua modelagem, cada unidade adicional de álcool consumida por dia foi refletida em um maior efeito de envelhecimento no cérebro.
Por exemplo, um indivíduo de 50 anos que eleva a sua ingestão de uma unidade de álcool por dia para duas apresenta mudanças no cérebro equivalentes ao envelhecimento de dois anos. Passar de duas a três doses de álcool nessa mesma faixa etária foi como envelhecer três anos e meio.
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