Levantamento feito nos EUA mostrou um aumento de 36% em relação a duas décadas atrás
Redação Publicado em 01/04/2022, às 16h00
Atualmente, quase metade de todos os idosos norte-americanos morre com um diagnóstico de demência listado em seu prontuário, um aumento de 36% em relação a duas décadas atrás. Esses são dados de um novo estudo realizado pela Universidade de Michigan (Estados Unidos) e publicado no JAMA Health Forum.
Entretanto, os pesquisadores acreditam que esse aumento acentuado pode estar mais relacionado com uma melhor conscientização pública e registros médicos mais detalhados, do que com um crescimento real da condição.
Mesmo assim, a equipe enfatiza que os achados oferecem uma chance para que mais idosos conversem com antecedência com suas famílias e prestadores de cuidados de saúde sobre o tipo de assistência que desejam receber no final da vida caso desenvolvam a doença de Alzheimer ou outra forma de declínio cognitivo.
A pesquisa utilizou dados de 3,5 milhões de pessoas com mais de 67 anos que morreram entre 2004 e 2017 e que se submeteram a um programa de seguro que ajuda os idosos a pagarem pelos cuidados de saúde nos Estados Unidos.
Em 2004, cerca de 35% das reivindicações de faturamento de fim de vida continham, pelo menos, uma menção à demência. Mas, em 2017, essa porcentagem subiu para mais de 47%. Mesmo quando os pesquisadores restringiram-se aos pacientes que tinham, no mínimo, dois relatos médicos mencionando demência, 39% dos pacientes se qualificaram contra 25% em 2004.
O maior salto na porcentagem de pessoas morrendo com diagnóstico de demência aconteceu na época em que o programa de seguro de saúde permitiu que hospitais, hospícios e consultórios médicos listassem mais diagnósticos sobre seus pedidos de pagamento.
Mas, nessa mesma época, o Plano Nacional de Enfrentamento à Doença de Alzheimer também entrou em vigor no país, com foco na conscientização pública, qualidade do atendimento e mais apoio aos pacientes e seus cuidadores.
Confira:
Os cuidados de fim de vida que os pacientes com demência receberam mudaram ao longo do tempo, incluindo uma queda na porcentagem de mortes em um leito normal de hospital, da unidade de terapia intensiva (UTI) ou com um tubo de alimentação nos últimos seis meses.
A porcentagem que recebeu serviços de cuidados paliativos aumentou drasticamente, de 36% para quase 63%, embora os autores observem que isso está de acordo com a tendência nacional de mais cuidados paliativos no final da década de 2010.
A demência é uma condição cerebral degenerativa que afeta a memória, o pensamento, o comportamento e a capacidade de realizar tarefas cotidianas. Segundo uma previsão da Universidade de Washington (Estados Unidos), os casos globais de demência quase triplicarão e podem atingir mais de 152 milhões de pessoas em trinta anos.
Ou seja, é esperado que ocorra um aumento de 57,4 milhões no mundo inteiro em 2019 para cerca de 152,8 milhões em 2050. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, em todo o planeta, há cerca de 50 milhões de pessoas com demência e quase 10 milhões de novos casos a cada ano.
O Alzheimer, por exemplo, é a causa mais comum de demência, sendo responsável por 60% a 80% dos casos no mundo. Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que 35,6 milhões de pessoas ao redor do mundo tenham o diagnóstico de Alzheimer e, no Brasil, são aproximadamente 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico.
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